quarta-feira, 9 de maio de 2012

...1ª mostra da Oficina do Teatro das Beiras...


Cerca de trezentos e cinquenta espectadores assistiram, no Teatro das Beiras da Covilhã, à   Mostra da Oficina de  Teatro,  com a apresentação de um ambicioso espectáculo /exercício final,  bodas de Sangue  de Federico Garcia Lorca,  pela Oficina de Teatro do Teatro das Beiras.
Esta oficina iniciou a sua actividade em setembro de 2011, com a participação de catorze pessoas, com faixas etárias diversificadas, entre os doze e os sessenta anos. Foram objectivos iniciais, desta oficina, nas palavras do jovem encenador, também actor desta companhia, Pedro da Silva, “ a formação de público e a ligação à comunidade onde se insere o Teatro das Beiras”. Objectivos plenamente conseguidos, também, pela grande adesão de espectadores.
Ainda segundo Pedro da Silva, o objectivo maior, a encenação e mostra desta peça de Lorca, foi o factodesta remeter para “problemas que hoje vivemos, como o domínio de um pensamento capitalista e de ordens sociais ligadas a um poder opressor, a falta de humanidade ligada ao pensamento egoísta e consumista onde o outro apenas serve para servir os interesses individuais de cada um.” Afastando, porém, a peça de qualquer intenção moral mas como uma chamada de atenção para o mundo cristalizado numa fala de um lenhador da peça: “vale mais morrer dessangrado que viver com ele podre.”
Ao longo de todo um processo, os participantes fizeram experiências diversificadas, associadas à actividade dramática e performativa, desde dinâmicas de grupo, um cuidado trabalho de texto, envolvimento na linguagem dramática, exercícios de improvisação e de construção e criação de personagens, passando também por experiências técnicas de montagem de um espectáculo, cenografia, figurinos e sonoplastia.
Uma das participantes, Maria João Andrade, refere um dos paradoxos de uma aprendiz de teatro, nos seguintes termos: É difícil fazer teatro, mas é fácil senti-lo como apelo e desafio. Que é divertido, é, mas que se sofre, sofre!. Sendo a palavra apenas uma das várias expressões de que o teatro se faz valer e vê “ na arte uma linguagem alternativa e, por estranho que pareça, menos ilusória do que a da simples palavra e mais capaz de trazer à comunicação o que é genuinamente o essencial.
Pedro da Silva destaca as maravilhosas relações humanas que se construíram e um “produto final cheio de amor ao teatro, amor de que por vezes os profissionais se esquecem.