quarta-feira, 24 de setembro de 2008

the Inner Life of Martin Frost - Paul Auster


Um escritor de sucesso acabou de publicar o seu último romance e decide ir descansar sozinho para uma casa de campo.
Na manhã do seu primeiro dia na casa, ele descobre uma misteriosa e surpreendente mulher deitada a seu lado. Fascinado pela sua beleza de inteligência, Martin apaixona-se profundamente por ela. Ele encontrou a musa que o leva sem remissão a escrever o seu livro mais perfeito.
Mas quem é essa estranha mulher que tão bem conhece a sua vida e o seu trabalho?
Será uma musa verdadeira?
Ou imaginária?
Ou um fantasma que se introduziu na vida interior de Martin Frost?

My Life Without Me

Com apenas 23 anos, Ann (Sarah Polley) é mãe de duas meninas, Penny (Jessica Amlee) e Patsy (Kenya Jo Kennedy), e é casada com Don (Scott Speedman), que constrói piscinas. Ela trabalha todas as noites na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar, e mora com sua família numa roulote, que fica no quintal da casa da sua mãe (Deborah Harry). Ann mantém uma distância obrigatória do pai, pois há dez anos que ele está na prisão. Após passar mal, Ann descobre que tem um cancro nos ovários. A doença alcançou o estômago e logo chegará ao fígado, ela terá no máximo três meses de vida. Sem contar a ninguém o problema diz que está com anemia, Ann faz uma lista de tudo que sempre quis realizar, mas nunca teve tempo ou oportunidade. Começa uma trajetória em busca dos seus sonhos, desejos e fantasias,imaginando como será a vida sem ela.

sábado, 20 de setembro de 2008

SOMOS A PRIMEIRA GERAÇÃO QUE PODE ERRADICAR A POBREZA

Todos os anos se celebra mundialmente no dia 17 de Outubro o Dia Mundial para a erradicação da Pobreza.
No ano passado mais de 43 milhões de pessoas levantaram-se para exigir aos líderes mundiais que cumpram as suas promessas para acabar com a pobreza e desigualdade. Portugal contribuiu com mais de 65 mil vozes nesta iniciativa. Este é o terceiro ano consecutivo que a Pobreza Zero está na coordenação do evento em Portugal. Serão três dias de actividade por todo o país, de 17 a 19 de Outubro, onde esperamos que mais de 100 mil pessoas estejam directamente envolvidas em acções.Todos os anos ficamos surpreendidos com a imaginação e capacidade de mobilização de tanta gente para o Levanta-te. Pelas experiências anteriores, a Pobreza Zero já contou com Concertos de música, com eventos de dança, eventos desportivos, manifestações e concentrações em torno de temas relacionados com a Pobreza, Educação, Igualdade, etc.É com muito orgulho que reconhecemos que somos o país com maior número de actividades em termos europeus.
É por tudo isto que lançamos o desafio de provar que quando temos altos objectivos a atingir, somos capazes de reunir a diversidade que todos e todas representamos, para lograr na construção de uma sociedade mais justa, igualitária e feliz.
Várias bandas, artistas, figuras públicas, organizações, escolas, etc, já demonstraram querer participar nesta actividade em Portugal, que será reportada para todo o mundo.E tu? vais ficar de fora?Aceita o desafio!
Manifesta-te, organiza-te e mobiliza-te ...

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

ENTRADA DE DRAGÃO

F.C. Porto-Fenerbahçe, 3-1
"Foi com redobrada obstinação que o Dragão ultrapassou uma obstinada marca, que ameaçava tornar-se indissociável das campanhas europeias azuis e brancas. Cinco épocas de entradas na Champions sem registos de triunfos ficaram resolvidas em apenas 13 minutos, com tiro duplo de assinatura argentina, mas só confirmadas em cima do apito final, no resoluto espírito portista que não se deixa restringir perante memórias ardilosas.
A entrada dos Dragões não poderia ser mais convincente para aqueles que ainda faziam contas e trocavam estatísticas passadas, remetendo as atribulações dentro de campo a meros exercícios de destino e fortuna. Em dois tempos, inspiração dobrada, os comandados de Jesualdo Ferreira esclareceram os cépticos."

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

o sonho de morales

"Estão muito claras as motivações dos atentados que assolam a Bolívia. A elite econômica e os políticos de direita, encastelados nas cinco províncias orientais, não podem aceitar um governo que deseja redistribuir a renda, beneficiando os mais pobres; controlar a economia, extinguindo privilégios; e dar certo grau de autonomia às comunidades indígenas, exploradas e marginalizadas em 183 anos de história
Além disso, o intervencionismo de Morales – embora se insira no quadro de um regime misto, onde o Estado ora é sócio das empresas, ora socializa setores mal explorados por elas – causa repulsa nas atrasadas classes abastadas bolivianas.
Por fim, o fato de Evo Morales ser um presidente índio é repelido pela minoria branca e europeizada – 15% da população –, dominante sobre a maioria quechúa e aymara – 60%. Expressões usadas pelos governadores da oposição para agredir Morales como "macaco", "índio infeliz" e "índio porco" são reveladoras.
Na verdade, os grupos políticos e econômicos que sempre dirigiram a Bolívia não têm muita autoridade para justificar suas posições.
Seguindo fielmente o FMI, eles entregaram ao presidente eleito em dezembro de 2005 uma Bolívia nas seguintes condições: país mais pobre da América do Sul, com 60% dos seus 9 milhões de habitantes abaixo da linha da pobreza e 38% em extrema pobreza; desemprego de 12%, com 40% de sub-empregados; renda dos indígenas 40% inferior a dos não-indígenas.
Nos dois anos e meio de governo Morales, tal quadro começou a mudar. Primeiro, ele procurou aumentar as rendas do Estado, revendo os acordos de exportação de gás e petróleo com o Brasil e a Argentina, desvantajosos ao país, e estabelecendo o controle estatal sobre a exploração dessas riquezas. A Bolívia passou a ficar com 85% dos lucros e suas exportações dobraram de 2005 para 2006, chegando a 4,9 mil milhões de dólares.
Para estimular a industrialização e reduzir o desemprego, concedeu-se, através de licitação, a exploração da mina de Mutun à empresa siderúrgica indiana Jindall Steel & Power, com proposta de investir 1,5 mil milhão de dólares já e mais 2,5 mil milhões em 8 anos. Mutun possui reservas de 40 mil milhões de toneladas de ferro, 10 mil milhões de magnésio (70% das reservas mundiais) e se achava sub-explorada.
Acordo com o Irã prevê o investimento de 230 milhões de dólares na instalação de uma fábrica de cimento, mais 1,1 mil milhão em energia, agricultura e indústria alimentícia.
Na área social, Morales anunciou uma reforma agrária que seria iniciada com a desapropriação de 14 mil hectares de terras, a maioria não cultivada, concedidas irregularmente como favores políticos por governos anteriores. Pesados investimentos foram realizados na Educação e destinou-se parte do imposto cobrado sobre o gás para os idosos pobres.
Mesmo não realizando as economias preconizadas pelo FMI, o governo conseguiu superávit em 2006 e 2007, algo que não acontecia na Bolívia desde 1940.
No entanto, para poder realizar as reformas necessárias, era preciso uma nova Constituição. Ela foi aprovada pelo Congresso, com abstenção da direita, mas precisa passar por referendo popular.
A revolta dos governadores dos cinco departamentos da oposição começou com manifestações de protestos. Exigiam autonomia – o controle da distribuição dos recursos dos hidrocarbonetos produzidos localmente (82% do gás do país), o fim das pensões financiadas com parte do imposto do gás e a rejeição "in limine" da nova Constituição.
No meio da crise, Morales e seus adversários concordaram com a realização de um referendo revogatório, no qual o povo poderia manter ou afastar o presidente, governadores de departamentos e prefeitos das províncias.
O resultado foi favorável ao governo central. Morales obteve 67% dos votos a favor e venceu em 95% das 112 províncias. Quatro governadores de direita também venceram e três foram rejeitados, sendo dois da oposição e um do governo, o qual não obstante saiu ganhando, pois lhe coube nomear os prefeitos provisórios até nova eleição.
Fortalecido, Morales esperava que a oposição abrandasse e aceitasse a realização do referendo constitucional.
Aconteceu o contrário. O apoio popular a Morales, representado pelos 67% dos votos, era uma garantia de vitória para ele. Por isso, a direita continuou em pé de guerra.
As manifestações se intensificaram, numa escalada de violência que hoje chega ao bloqueio de estradas para impedir a chegada de alimentos às cidades, incêndio de edifícios de instituições do governo central – com destruição de documentos públicos, ataques a aeroportos, estações de trens, locais de reuniões de indígenas e, por fim, explosões de gasodutos e cortes no envio de gás para o Brasil –, visando paralisar as exportações. Tudo para provocar o caos, criando um ambiente propício para um golpe de Estado.
O governo fez o possível para conseguir um acordo. Aceitou a autonomia administrativa, mas sem desistir nem do controle dos recursos naturais nem da nova Constituição. Em vão. Diante da violência da oposição, Morales agiu brandamente. O Exército foi proibido de atirar, devendo limitar-se a guardar as instalações de produção de petróleo e gás. Mas a violência chega agora a um grau insuportável. Está evidente o objetivo de derrubar o governo ou pelo menos separar os cinco departamentos da Bolívia – os gritos de "independência" são freqüentes nas ações direitistas.
Não se acredita que a moderação do governo acabe acalmando os ânimos. Já há motivos de sobra para se declarar a intervenção federal nos departamentos revoltosos. Mas Morales hesita. Precisaria usar o exército, opor violência à violência, e ele não quer vítimas. Teme também que, chamado a intervir, o Exército fique ao lado das forças direitistas. Historicamente é o que tem acontecido.
Existe a idéia de recorrer à mobilização popular, armar os índios, mineiros e camponeses para defender o governo. Nesse caso, conforme Ivan Canelas, porta-voz de Morales, estaria aberto o caminho para "um tipo de guerra civil". O que poderia desagradar os militares e fazê-los aderir à sedição.
Intervir usando o Exército, de acordo com a lei, ou com o povo armado implica em sérios riscos.
Mas Morales terá de optar por uma delas. Ou renunciar ao seu sonho de construir uma Bolívia com justiça, igualdade e esperança."Luiz Eça - jornalista brasileiro

domingo, 14 de setembro de 2008

ZARAGOZA 2008

Ateliê de Escrita Criativa

Data: 20, 21 e 27, 28 de Setembro de 2008

Local: Casa Grande Barroca do Zêzere - Fundão (Há a possibilidade de transporte sem acarretar mais custos para o local do atelier).

Orientação: Joaquim Eduardo de Melo Oliveira
Experiência Profissional:
Licenciatura em Comunicação Social pela Universidade da Beira Interior. Frequência de Pós-Graduação em Jornalismo Judiciário, na Universidade Católica de Lisboa. Foi colaborador, desde 1994, dos jornais A Capital, Manhã Popular, Semanário e da revista Factos. É editor-adjunto no Diário 24 horas desde 2003. É autor de inúmeras reportagens, as últimas das quais centradas nas temáticas policial e judicial.
Horário: 10:00 h – 12:30 h e das 15:00 h às 17:30 h

Público-alvo: Público em geral Limite de participantes : 15

Custo: Sócios: 12 Euros; Não Sócios: 32 Euros. Alimentação: 4 almoços - 20 Euros).

Contactos para inscrição no ateliê: Professor António Pereira ou Professora Catarina Crocker ou ainda enviar e-mail para cotovelo@hotmail.com (Deve enviar os seguintes elementos: Nome completo, idade, morada e telefone para contacto.)

O meu arroz doce


Ingredientes
250 g de arroz (tem de ser carolino)
150 g de açúcar
1 litro de leite gordo
2 cascas de limão
Sal
Canela em pó e em pau

Preparação:
Levar ao lume um tacho com água abundante temperada com uma pitada de sal. Quando a água ferver, junta-se o arroz até abrir. levar o leite a ferver com a canela em pau e a casca de limão. Escorrer o arroz e mergulhar no leite a ferver. Cozer em lume brando e adicionar o açucar. deitar numa tijela e polvilhar com canela em pó.
Recomendação
O arroz doce que nos sabe melhor é o que se deposita que resgatamos nos lábios do outro!!! E se for dos do Mourinho até a mais abominável céptica e iconoclasta "adoçaria"...

domingo, 7 de setembro de 2008

Operação Sarkozy: Como a CIA colocou um dos seus agentes na presidência da República Francesa


"Nicolas Sarkozy deve ser julgado pelas suas acções e não pela sua personalidade. Mas quando as suas acções surpreendem até os seus próprios eleitores, é legítimo debruçarmo-nos em pormenor sobre a sua biografia e interrogarmo-nos sobre as alianças que o conduziram ao poder. Este artigo descreve as origens do presidente da República Francesa. Todas as informações nele contidas são verificáveis, com excepção de duas imputações, pelas quais o autor assume a responsabilidade exclusiva." Thierry Meyssan

Chavez terá razão?

FOTOS MOSTRAM BUSH BÊBEDO NAS OLIMPÍADAS DE PEQUIM E SEGURANDO A BANDEIRA AO CONTRÁRIO.

sábado, 6 de setembro de 2008

FOR IMMEDIATE RELEASE!!!


Two small boats, the SS Free Gaza and the SS Liberty, successfully landed in Gaza early this evening, breaking the Israeli blockade of the Gaza Strip.
The boats were crewed by a determined group of international human rights workers from the Free Gaza Movement. They had spent two years organizing the effort, raising money by giving small presentations at churches, mosques, synagogues, and in the homes of family, friends, and supporters.
They left Cyprus on Thursday morning, sailing over 350 kilometers through choppy seas. They made the journey despite threats that the Israeli government would use force to stop them. They continued sailing although they lost almost all communications and navigation systems due to outside jamming by some unknown party. They arrived in Gaza to the cheers and joyful tears of hundreds of Palestinians who came out to the beaches to welcome them.
Two small boats, 42 determined human rights workers, one simple message: “The world has not forgotten the people of this land. Today, we are all from Gaza.”
Tonight, the cheering will be heard as far away as Tel Aviv and Washington D.C.

CONSEGUIMOS!!

1 de Setembro de 2008

"Conseguimos!",exclamou Greta Berlin, porta-voz da operação “Navio Gaza livre”, exausta, mas feliz de ver a alegria desta cálida multidão que Israel encarcera num gueto e que tinha comparecido a aclamar a chegada dos navios Free Gaza e Liberty .

ler mais em http://www.silviacattori.net

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

CANTO DE PÁSSAROS E BEM ESTAR


"O índice da qualidade de vida irá incluir cada vez mais aspectos culturais, biológicos e ambientais. Os aspectos actualmente imperantes e relacionados quase unicamente com o poder aquisitivo, o conforto e a longevidade irão certamente ceder o passo a outros critérios até hoje omitidos. Pelo menos parece ser a tendência do governo britânico que é tão irracional fora das suas fronteiras, mas que acabou por instaurar há algum tempo. Em Inglaterra deu-se o primeiro passo realmente admirável e com um horizonte muito prometedor. A administração inglesa incluiu entre os aspectos para medir o bem-estar nada menos que uma variedade relacionada com a quantidade de aves avizinhadas num mesmo lugar. Medida que nos parece ser coerente. Porque não é preciso ser especialista em ecologia para reconhecer que a presença de animais tão respeitáveis, visual e acusticamente, como as aves nos podem revelar as características da totalidade do espaço que usam. Uma das leis mais sólidas da ciência que estuda os nexos entre todas as formas de vida e entre estas e os âmbitos que possibilitam a sua existência é precisamente que tudo deve de ser encarado com reserva.
O que não vemos sustém o que vemos. Por detrás de cada pássaro que canta na Primavera há sempre um complexo sistema que deve manter muitas vidas e muita saúde para chegar até aos nossos tímpanos essa música sem partituras. As aves são signos externos dessa riqueza que são as águas limpas, os solos férteis, os arvoredos erguidos bem como uma certa aliança entre os usos humanos e espontâneos dessa mesma paisagem.
Quando se usa com variações depreciativas o termo “ passarinheiro”, ignora-se por certo que ninguém melhor que um ornitólogo detecta a crescente degradação ambiental. Os seus conhecimentos sobre a paisagem equivalem ao que os médicos de família têm sobre nossa saúde física.
Por detrás da presença de uma comunidade zoológica num espaço concreto, o que deduzimos é uma reduzida ou a nula contaminação dos ares, os alimentos, escasso ou nulo ruído, variedade vegetal e até mesmo a escassa pressa. Estes parâmetros vão configurando a ideia convencional de locus amoenus: quer dizer, daquele âmbito ao qual “todos” aspiramos, pelo menos na hora de nos relaxar, descansar e sensivelmente presumir do nosso elevado nível económico conseguido para poder adquirir qualidade ambiental no meio em que se vive.
Há mais. Sobretudo a evidência de que cada dia se distancia mais o bem-estar básico do crescimento económico. Isto porque este último aspecto fica nas mãos de escassíssimos beneficiários devido a que se fomenta a percepção de uma correspondência mínima entre o esforço de muitos e os privilégios de poucos. No meio fica então um ambiente destruído.
O paradoxo tão camuflado como desolador é: para que aumente a riqueza monetária de uns, deve ficar maltratado o património comum. Esse mesmo que formam as boas transparências do ar, a musicalidade dos bosques, a liberdade da água, a contemplação de um cenário belo e, logo, cheio de vivacidades relaxantes. As contaminações, desde a acústica até às múltiplas formas de degradação ambiental derivada dos nossos modos de produção, podem influenciar o PIB mas diminuem certamente o bem-estar real. No entanto todos aqueles que tiram rendimentos da destruição do ambiente compram de imediato um lugar onde o espaço tenha esses pássaros, essas águas e esses bosques para que possam descansar da “rentável” destruição. Deste modo, os residentes nestes escassos e circunscritos paraísos onde gozam de maior qualidade de vida são, por isso, exemplo a seguir, mas irão continuar a negar a coerência das denúncias ecológicas. Os defensores da natureza equivocam-se ao pedir o mesmo para todos que, na prática, é alcançar tais privilégios. O modelo parece imitar a madrasta da Branca de Neve, olhando-se ao espelho. A má notícia que dão semelhantes artefactos está, por certo neles."

António Delgado in Jornal de Leiria 14/8/2008.

Traços Gerais


Voltava atrás para verificar se as luzes do seu carro estavam acesas, o sinal de aviso nunca tinha funcionado muito bem, aliás em nenhum dos seus carros e em nada da sua vida, mas pela primeira vez na vida estacionou o carro num lugar seguro e bem iluminado, a viagem iria ser longa.
No táxi e a caminho da estação o condutor reclamava-se um injustiçado cumpridor da lei, andava nesta vida há tanto tempo e nunca tinha visto nada assim!!! Gastou 200 contos a pintar o carro, fora o transtorno do tempo que esteve sem trabalhar, e agora uma nova lei já não o obrigava a tal. O governo faz leis para quem não existe, quem é que ganha para andar sempre a mudar o carro de cor? E só depois as corrige com nova lei! O pior de tudo é que a cor anterior era mais bonita e os clientes, cada vez mais exigentes, preferem a concorrência, quem é que se sente confortável num táxi desta cor?
Não se viam há muito tempo, esta era a alegria dos muitos reencontros.
- Evinha! Há quanto tempo!
Detestava que a tratassem por diminutivos, nunca se sentiu como tal, mas ainda não foi desta que o conseguiu repreender, e este não era o que mais lhe desagradava, pois também estava lá o seu nome.
Trinta anos, a ela não lhe estava a apetecer falar no que aconteceu nesses anos.
- Estás mais velha!
- Estás mais gordo!
- Deixei de fumar, lembras-te? Há trinta anos! Estava a ficar mais feio!
- Continuas o rapaz mais bonito que jamais conheci! - Afinal isso era importante para ele, admitia-o quando tentava minimizar essa característica, e apesar de ser verdade ela fez sempre questão de lho dizer.
Ambos lembraram a primeira e única vez que fizeram amor, não é que de uma história de amor se tratasse! Não tinha sido o sucesso que ele esperava, pelo hábito enraizado em todos os homens da sua geração! Nenhum dos dois percebeu muito bem aquela pequena noite, ela nunca quis encontrar uma explicação, acreditava que as coisas como estas se vivem apenas, e quando se explicam perdem a sua energia e influência para o futuro. Eva sempre soube lidar com o que aconteceu, apesar da distância e de nada ter percebido. Ele dizia estar a ser pela primeira vez infiel à namorada, ela ria como que de uma grande piada!
- Foste embora e não disseste nada!
- Era cedo para ti, meu querido, não te quis acordar! - Já não o chamava de amor! O tempo afinal passou pelas palavras!
- Li o teu livro daquele taxista que mudou a pintura do carro, fartei-me de rir, principalmente quando decidiu ir fazer ginástica para reduzir a barriga para os clientes se sentirem melhor no seu táxi! Casaste?
- Ainda hoje deve estar no mesmo café em que o deixei, medindo o tempo pelo acabar do seu cigarro, o resto do maço em cima da mesa, a carteira e o telemóvel. Ah! E penso que um copo de licor, sempre o mesmo copo, não gostava de beber, não sei se o copo lá estava, mas de qualquer modo compunha melhor o cenário.
Ela sempre lhe lá vira um copo mas agora apostava que não, ele tinha deixado de beber para lhe fazer a vontade, dizia ele! Estava a ficar com barriga e que o álcool diminuía o seu desempenho como companheiro. Nem o ousava fazer às escondidas, pois isso só mostrava o medo por ela e admiti-lo era pior para ele do que fazer de conta que tinha sido opção sua.
- Ainda hoje deve estar no mesmo café em que o deixei Olhando quem passa e parando o olhar numa rapariga mais atraente percorrendo a sua direcção enquanto estava ao alcance da sua vista, não com qualquer intenção mas pelo hábito enraizado em todos os homens da sua geração, nunca ousou trocar um olhar mais demorado com qualquer uma delas! Foi lá que o encontrei, naquela altura ainda acreditava que o conseguia tirar de lá! Passado pouco tempo achei que não tinha esse direito e comecei a passar por lá de vez em quando, cada vez menos. Num desses encontros fizemos um filho...
- Porque vieste embora?
- Ele zangou-se comigo, nunca o tinha ousado fazer! Tinha esquecido as luzes do carro acesas e a bateria avariou. - És sempre a mesma! Sempre no mundo da lua! Quando é que começas a ter atenção aonde pões os pés? - Eu não via esse tipo de importância no acontecimento. Acho que percebi que estava farto de mim, pois eu era assim mesmo! As luzes ficavam muitas vezes acesas e ele achou sempre piada, mas a bateria nunca tinha avariado! Eu acho que ele ficou logo zangado a décima terceira vez, mas nunca se apercebeu pois eu antecipava-lhe sempre um pedido de desculpas e um sorriso quase de chantagem – Deixei a luz do carro acesa! - Dizia. Quando queria dizer: - Não te vais zangar pois não?
No fundo já se percebia que era ele que a queria mudar, perdeu a paciência!
Texto e pintura de Ana Monteiro