terça-feira, 28 de setembro de 2010

...um professor doutor... tivesse alugado um taxi...

No Instituto Politécnico da Guarda (IPG) tudo se passa e tudo se passou.
Final do ano lectivo de 2010.
Exame final, de uma disciplina de um curso da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto.
Um ilustre professor, proprietário de um jornal da Guarda, marca o exame de uma disciplina da qual é regente, para as 10 horas.
Os alunos comparecem como o determinado pela pauta de exame.
São 10h e....espanto dos espantos do professor NADA.
São 10h 30 minutos e professor nem vê-lo!!!
São 11h e....professor continua sem aparecer e, sem dar de si!!!
Os alunos dirigem-se à secretaria e questionam a funcionária sobre a FALTA do professor.
A funcionária, procura acalmar os alunos e ....telefona ao dito professor.
A funcionária «informa» o douto professor que estão alunos desde as 10h à espera dele para um exame da sua cadeira.
Pela coversa toda ela perceptível, dado que o volume do telefone assim o permitiu soube-se que:
1.º - o professor tinha-se esquecido do exame;
2.º- solicitou à funcionária que o justificasse perante os alunos, dizendo-lhes que tinha faltado porque tinha o carro avariado.
Pois é!!!
O exame veio a ser marcado para o dia seguinte ... à tarde.
É assim que funciona o ensino superior?
É assim que funciona o Instituto Politécnico da Guarda, nomeadamente a Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto?
Como anda este país onde para ALGUNS TUDO VALE!!!
Um esquecimento acontece a todos!!!
Mas, mentir é muito pior.
Então um docente!!!

...este é o maior fracasso da democracia portuguesa...

"Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, desde o 25 de Abril distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos.
Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora contínua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado.
Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas Consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém quem acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos?
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana.
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára?
O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade."Clara Ferreira Alves - "Expresso"

domingo, 26 de setembro de 2010

...combate de blogs...

... no guetto dos sodomitas...

...por bolivar!!!
passos coelho descobriu hoje o ponto G do sócrates... terá, finalmente, chegado a vez do bloco? A ideia de meterem as mãos nessa chicha, chegar ao poder, deve apichar o lume debaixo das calças dos bloquistas, não sei é de que lado:)...

sábado, 25 de setembro de 2010

..."subway life"...assírio e alvim...


"Subway Life (Vida Subterrânea) é um projecto que levou António Jorge Gonçalves a desenhar pessoas sentadas em carruagens do Metro em 10 cidades, nos 5 continentes.
Tudo começou em Londres - onde o artista residiu durante três anos — com um exercício que consistia em desenhar a pessoa que se sentasse à sua frente no Metro. Era um método aleatório de escolha de modelos que pretendia obrigá-lo a desenhar aquilo que não podia escolher. Ao regressar a Lisboa, decidiu estender o jogo a outras 9 cidades: Lisboa, Berlim, Estocolmo, Nova Iorque, São Paulo, Tóquio, Atenas, Moscovo, e Cairo.
800 horas de trabalho depois, constatou que entre os mais de 3000 desenhos registados nos seus cadernos era rara a repetição de postura. Apesar dos seus retratados se encontrarem numa mesma situação (sentados num comboio subterrâneo) a individualidade sobressaía sempre numa posição de mão ou no jeito de cruzar a perna. E se, por um lado, podia encontrar estereótipos dos habitantes de cada uma das cidades, por outro, existiam também indivíduos que poderiam encaixar em qualquer uma delas.
Em 2002, numa colaboração com os webdesigners Silikonski, foi criado o site http://www.subwaylife.com/, que conheceu uma atenção muito particular, tendo sido premiado no FLASH FILMFESTIVAL 2002 SAN FRANCISCO e sido recomendado em dezenas de sites entre os quais USA TODAY ou YAHOO PICK OF THE DAY. Este site já recebeu, até hoje, mais de 5 milhões de visitas.
O projecto mereceu ainda divulgação e entrevistas na imprensa em Portugal, EUA, México, Brasil, Rússia, França, Ucrânia, Austrália, China ou Japão. O livro que agora é publicado reúne pela primeira vez um conjunto significativo dos desenhos, complementado por apontamentos sobre cada cidade. Juntando no mesmo comboio passageiros de todo o mundo somos convidados a viajar pela mão do desenhador."

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

...não há taça para este vinho...

ANTÓNIO DAMÁSIO CONVERSA COM SIRI HUSTVEDT SOBRE OS MISTÉRIOS DA MEMÓRIA

...os cento e vinte e um dias de sodoma...

"Era preciso encontrar alguém capaz de descrever todos esses excessos, de os analisar, de os desenvolver, de os promenorizar, pôr em ordem e, ao mesmo tempo, fazer tudo isto sob forma de narrativa. E assim foi resolvido. Após buscas e informações inumeráveis, foram encontradas quatro mulheres já de meia-idade (pois era o que importava, por a experiência ser neste caso a coisa mais essencial), quatro mulheres, dizia eu, que, depois de terem passado a vida no mais excessivo deboche, se mostrassem preparadas para fazerem o relato perfeito de todas as minúcias."

Carta Aberta aos Portugueses e ao Dr. Moita Flores sobre a sua petição “Em defesa da festa brava”

Chamo-me Paulo Borges. Sou professor na Universidade de Lisboa e escritor. Dirijo a revista Cultura ENTRE Culturas. Tenho dois filhos. Sou o primeiro signatário da Petição “Pela abolição das touradas e de todos os espectáculos com touros”, que circula na net e em versão impressa. A petição, lançada pelo Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN), serviu de base à constituição da plataforma “Basta de Touradas”, que conta já com a adesão de 24 associações e entidades de defesa dos animais e com vários apoios de figuras públicas, nacionais e internacionais.
O Dr. Moita Flores, figura pública e actual presidente da Câmara de Santarém, lançou uma petição contra a nossa, redigida em termos que considero deveras preocupantes, vindos de uma pessoa com a sua responsabilidade cultural, cívica, social e política. Sei que se sente ameaçado pelo movimento de defesa dos animais, mas isso não justifica tudo.
No texto da sua petição chama hipócritas, histéricos, angustiados, “talibãs” e “horda de analfabetos” a todos os que são contra as touradas. Diz que chegou à idade “onde já não há paciência para ser insultado”, quando ninguém o insultou. Pelos vistos chegou à idade onde só tem paciência para insultar os seus concidadãos. Para insultar os milhões de portugueses que, por serem contra o sofrimento dos animais e contra a degradação dos homens que se divertem com isso, são considerados psicopatas, terroristas e incultos.
Fui amigo do Professor Agostinho da Silva, sou editor das suas obras e presido à Associação com o seu nome. Aprendi com ele e com muitos outros – desde São Francisco de Assis, Leonardo da Vinci e Antero de Quental a Gandhi, Peter Singer e ao XIV Dalai Lama - a defender a causa do bem de homens e animais e recordo que Agostinho da Silva dizia haver dois tipos de “analfabetos”: os que não sabem ler e os que sabem, mas não conseguem entender o que lêem. Creio que o Dr. Moita Flores se arrisca a ser suspeito de um terceiro caso, ainda mais grave: não conseguir sequer entender o que escreve. Pergunto-lhe quem dos opositores às touradas comete atentados bombistas ou pretende impor as suas ideias pelo terror e pela violência. Pergunto-lhe porque é que ser contra o sofrimento de touros e cavalos e contra a degradação dos homens que com isso se divertem é ser “analfabeto”. Sou autor de 22 livros (de poesia, ensaio, ficção e teatro) e sou professor na Universidade de Lisboa há 22 anos: os portugueses ficam a saber, pela superior inteligência do Dr. Moita Flores, que a dita Universidade contratou um “talibã” e um “analfabeto” que anda a converter ao terrorismo e à incultura os milhares de alunos que o têm tido como professor. E eu, que tive a felicidade de crescer numa família onde se desligava a televisão mal começava a dar uma tourada, fico a saber que os meus avós, o meu pai, a minha mãe, a minha irmã, o meu cunhado, a minha mulher, os meus filhos e amigos, eram e são todos "talibãs" e "analfabetos".
Não gosto de falar de mim, mas tenho de o fazer pela causa que defendo e porque isto é gravíssimo, vindo de um criminologista, de uma figura pública e de um supremo responsável político camarário. O Dr. Moita Flores insulta desavergonhadamente a maioria da população portuguesa que, como o indica um estudo recente (2007) do ISCTE, é contra as touradas. Segundo a brilhante dedução deste senhor, Portugal tem assim, a par da crise económica, mais um problema grave: a maioria da sua população é composta de desequilibrados mentais, “talibãs” e “analfabetos”.
A solução para este estado de coisas seria, segundo fica implícito no espírito da sua petição, irmos todos curar-nos, reabilitar-nos e cultivar-nos, com as nossas famílias, filhos e netos, para essas vanguardas da alta cultura que são as praças de touros, onde se descobre o sentido da vida e da existência, e se aprende a amar os animais e a natureza, aplaudindo num êxtase de alegria o espectáculo da dor e do sangue. Desprezemos as artes, as letras e as ciências, deixemos as escolas, abandonemos as universidades, onde segundo Moita Flores ensinam “talibãs” e “analfabetos”, e vamos todos atingir a maioridade cívica, mental e cultural a gritar “Olé!” nas touradas.
Agora sem ironia: o seu texto, Dr. Moita Flores, de uma retórica literária completamente desprovida de coerência racional e apenas cheia de arrogância e insultos a quem não pensa como o senhor, confrange pela desonestidade e/ou confusão mental de que dá mostras. Pois não sabe o senhor que os defensores dos animais são contra todas as formas do seu sofrimento, incluindo essas que refere, e não apenas contra as touradas? Diz que se converteu ao franciscanismo e que São Francisco de Assis lhe ensinou o “caminho ético e moral” para educar os seus filhos e eu pergunto: já alguma vez leu as biografias de São Francisco, onde por exemplo se diz que “Chamava irmãos a todos os animais […]” (Tomás de Celano, Vida Segunda, CXXIV, 165) e se compadecia perante os sofrimentos que os homens lhes infligiam? Está a ver o Santo de Assis consigo numa praça de touros!? E porque é que o “touro bravo” é uma “fera negra, símbolo da morte e do medo”? Não serão antes o toureiro e todos os aficionados que aplaudem o espectáculo da dor que são temíveis e negros símbolos – embora muitas vezes inconscientes - do pior que a humanidade traz em si? Fala do ritual trágico onde “vence a vida ou vence a morte” e eu pergunto se a evolução dos costumes não nos oferece outras formas, mais nobres, de fazer a catarse das paixões e vencer o medo, sem fazer sofrer ninguém? Não há hoje formas superiores de heroísmo, como dedicar-se às grandes causas de defesa dos homens, dos animais e da natureza? Não é isso mais benéfico, útil e urgente do que a religião cruel das touradas, anacrónica persistência dos arcaicos sacrifícios sangrentos? E não é uma grosseira mistificação identificar os opositores das touradas com a cultura urbana, quando há quem deteste touradas em todos os pontos do país, incluindo no Ribatejo e no Alentejo? Para já não falar da sua patusca ideia de que nós defendemos a “ditadura do ‘hamburger' urbano” (!?...) e de que é pelas touradas que se defendem os “Direitos do Homem”, dos animais e da “Terra”… Sinceramente, Dr. Moita Flores, o que há de lógico e sério nisto? Defendem-se os animais criando-os para os torturar? O touro bravo tem de ser torturado numa arena para continuar a existir e com ele os montados? Fala por fim da identidade nacional, da preservação da memória histórica de Portugal: triste identidade e triste país que depende de manter tradições eticamente inadmissíveis para subsistir! Pois eu digo-lhe: Portugal será muito mais motivo de orgulho para os portugueses, e muito mais respeitado internacionalmente, quando, após ser pioneiro na abolição da pena de morte, abolir as touradas e todas as formas de sofrimento animal. Portugal não desaparecerá, mas será um outro Portugal, que manterá na sua riquíssima tradição e cultura tudo o que for ético, relegando para os museus do passado a não repetir tudo o que hoje nos envergonha, como autos-de-fé, esclavagismo, perseguições político-religiosas e touradas.
Esta carta dirige-se a si, mas sobretudo a todos os Portugueses. Leiam-se as duas petições, o espírito, a argumentação e os objectivos de uma e outra, e vejamos o que queremos de melhor para o país, para nós e para as futuras gerações: aplaudir como cultura a tortura dos animais para divertimento dos homens, com prejuízo da sua humanidade e sensibilidade ética, ou dar um passo corajoso para abolir esta e todas as formas de fazer sofrer os animais, nossos companheiros na aventura da existência, em prol do seu bem e da nossa evolução pessoal e colectiva.
E vejamos quem queremos ter como representantes. É muito grave que num Estado de direito as forças policiais não sejam capazes de ou não queiram fazer cumprir a lei, como no recente caso da morte do touro em Monsaraz. Como é muito grave que uma figura como o Dr. Moita Flores desrespeite e insulte impunemente os seus concidadãos que, por imperativo de consciência, não pensam como ele. Está na hora de dizer “Basta!”: às touradas, a todas as formas de infligir sofrimento a homens e animais e a uma geração de políticos que coloca os seus duvidosos gostos pessoais, bem como os interesses de grupos minoritários, acima da sensibilidade maioritária da população. Está na hora de surgir uma nova geração, com um novo paradigma, que traga a ética para a política e assuma numa mesma bandeira a defesa dos homens, dos animais e da natureza.
Está na Hora! Basta!
Vamos assinar em massa:
Paulo Borges

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

...guerra e paz...os 100 anos...

Guerra e Paz de Lev Tolstói, traduzida a partir do original russo por Nina Guerra e Filipe Guerra, em 10 volumes, às Quintas-Feiras com o PÚBLICO, a partir de 23 de Setembro.
Uma edição especial a assinalar os 100 anos decorridos desde a morte do portentoso escritor, que publicou a obra originalmente sob a forma de fascículos, no jornal Russkyi Vestnik (1865-1867) e que ao longo de três anos a reescreveu, até a aceitar como apta a ser conhecida, na íntegra, sob o título GUERRA E PAZ, um dos mais importantes da história da literatura mundial.
A colecção conta com 52 ilustrações de Júlio Pomar e  o texto introdutório é da autoria de António Lobo Antunes. 

...o benfica é assim... anedótico...

O resultado do plenário dos órgãos sociais do Benfica, reunido ontem de urgência, é um comunicado (pode ser lido aqui http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=222060) no qual os dirigentes benfiquistas berram com toda a gente, vociferam, apontam o dedo acusador em várias direcções, perdem as estribeiras, e chegam a conclusões de um ridículo a roçar o anedótico, a birrinha do menino mimado.
As arbitragens são más, o Secretário de Estado terrível, o Conselho de Arbitragem miserável.
Daí, os dirigentes do Benfica partem para a ameaça gratuita - não vão jogar a Taça da Liga, pedem aos adeptos do clube que não acompanhem a equipa nos jogos fora do Estádio da Luz, vão querer rever os termos dos contratos de transmissão televisiva dos jogos em que o Benfica participa.
Curiosamente, nem uma palavra acerca de uma equipa que joga um futebol vulgar, que perdeu quatro dos cinco jogos oficiais disputados (não esquecer a Supertaça), que perdeu elementos fundamentais na sua estrutura e não soube antecipadamente cuidar da sua substituição, que manteve jogadores que estão claramente contrariados, sem saber cuidar dos aspectos motivacionais relacionados, que teimosamente mantém um modelo de jogo que funcionava com jogadores que já não estão no plantel e que já deu provas que, actualmente, e com os jogadores que compõem o plantel, está claramente desajustado.
Uma óptima decisão se a ideia era desresponsabilizar os jogadores e a equipa técnica de um início de época inimaginável.
O pior da história do clube.
Como adepto de um clube rival, agradeço a postura.
Não de águia, antes de avestruz.
Houve erros de arbitragem?
Houve.
E continuará a haver.
Com o Benfica a ser prejudicado e beneficiado.
No final, feito o balanço, não é por aí que se ganham campeonatos.
A afirmação não é minha.
É de um benfiquista.
Chamado Toni (conhecem?).
Depois de ter perdido um campeonato para o Porto.
O patético Luís Nazaré, que afirmou que Laurentino Dias "desrespeituou" (acordo ortográfico??) o Benfica, ao ler aquele não menos patético comunicado, estava a justificar o que se prevê ser o futuro muito próximo.
Não é difícil perceber.
Os adeptos benfquistas estão, compreensivelmente, desiludidos com a equipa.
Como tal, é muito natural que, nos próximos jogos, sobretudo longe da Luz, o acompanhamento ao clube não se aproxime do que era visto ainda há bem pouco tempo.
Depois deste comunicado, os dirigentes benfiquistas sempre poderão afirmar que os adeptos se afastaram porque foi isso que lhes foi pedido.
Não porque estão fartos de ver a equipa jogar mal e perder jogos.
Percebido, caro Luís Nazaré.
As ameaças nem merecem comentário.
Tolices para desviar atenções do essencial.
Ridículo!

domingo, 19 de setembro de 2010

...the daily show...

The Daily Show With Jon StewartMon - Thurs 11p / 10c
Bill Clinton Pt.1
www.thedailyshow.com
Daily Show Full EpisodesPolitical HumorTea Party

The Daily Show With Jon StewartMon - Thurs 11p / 10c
Bill Clinton Pt. 2
www.thedailyshow.com
Daily Show Full EpisodesPolitical HumorTea Party

...a tribute to my dirty night...

melancolia -Dürer
O que vemos, afinal, no quadro Melancolia I ?
"A imagem, em geral, reproduz um campo de ruínas. A personagem central é um anjo ou um génio alado de semblante irado e com os cabelos e as vestes, ambos em desalinho. Numa das mãos apoia o rosto furioso, e na outra carrega um compasso com o qual procura registrar alguma coisa; o braço encontra-se apoiado num livro fechado. De acordo com estudos de Klibansky, Panofsky e Saxl, “la gravure de Dürer se compose, en ses détails, de certains motifs mélancoliques ou saturniens traditionnels (clés et bourse, tête dans la main, visage sombre, poing serré)... ”. Ao redor da figura alada encontram-se, em desordem e espalhados pelo chão, os mais variados utensílios da vida ativa, além de outros detalhes procedentes da tradição cultural (pedras transformadas em figuras geométricas, a figura de Eros, um calendário...); todos eles sem qualquer serventia e tornados objetos de uma meditação irada, insistente e infindável sob o furioso olhar dessa espécie de anjo. Ao fundo, os anéis de Saturno suspensos no céu reúnem o sol (ou a lua?), irradiando intensos feixes de luz; vê-se, também, um sereno oceano. A geometria penetra em todos os detalhes do quadro, adquirindo status de poder artístico organizador na Melancolia I de Dürer."

...bellamy...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

...a filigrana do anedótico...

"Ter José Mourinho como seleccionador de Portugal nos jogos frente à Dinamarca e Islândia, em Outubro, é o desejo de Gilberto Madaíl, que nesta quinta-feira se vai reunir em Madrid para tentar obter o acordo do treinador e do Real Madrid.
A notícia foi avançada esta manhã pelo jornal “Record” e confirmada pelo PÚBLICO, junto de fontes ligadas ao processo. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol já chegou à capital espanhola e confirmou, citado pelo "Record", que está em Madrid para "tratar de Mourinho e de outros assuntos"." público

..."cu de uma velha ranhosa, tomates do padre inácio e caralhos me fodam" se eu alguma vez contava com esta ladaínha pavorosa...

...ÓLEO DE ARGÃO...

"O óleo de argão tem sido uma das coqueluches da indústria cosmética mundial devido às suas reconhecidas virtudes e especialmente aos seus benefícios anti-envelhecimento da pele.
Este valioso óleo é extraído da argânia, um pequeno arbusto que cresce ao longo da costa de Marrocos, ao sul de Essaouira e a sua produção é um segredo muito bem guardado pelas mulheres Berberes que começaram a usá-lo há imenso tempo quando descobriram os benefícios incríveis que traziam para a sua pele estragada devido ao clima árido e aos ventos de Marrocos.
São elas que recolhem e extraem o óleo de argão através de métodos totalmente artesanais. A produção de alguns mililitros deste óleo exige muitas horas de trabalho árduo em condições deveras agrestes. Grande parte da produção está concentrada em cooperativas formadas e geridas por mulheres Berberes que se dedicam a este trabalho."

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...Um touro humano no Guggenheim contra as touradas...

Un total de 125 activistas semidesnudos, con sus cuerpos pintados de negro o rojo, han conformado esta mañana un toro gigante ensangrentado a los pies del Museo Guggenheim. La convocatoria, organizada por la Fundación Equanimal, AnimaNaturalis y CAS-International , coincide con el comienzo hoy sábado de la Semana Grande de Bilbao. Y con una de las ferias de toros, la de la capital vizcaína, más importantes de España.

...a frieza da dúvida... por daniel oliveira...

"Por princípio duvido. Sempre. Não é cinismo, é apenas uma forma de me obrigar a pensar. A dúvida não pode paralisar. Tem de corresponder a um método que nos leve a algum lado. Mas precisamos sempre dela. E quando se trata de tirar a liberdade a alguém a colar-lhe para sempre a rótulo de pedófilo a dúvida é a única atitude aceitável.
Tudo no processo Casa Pia nos manda estar do lado certo. Trata-se de um crime que fere de forma profunda a sensibilidade de todos. Nem é preciso ser especialmente sensível ou sequer bem formado para sentir a revolta. E ainda por cima com crianças institucionalizadas. As mais desprotegidas. E sabendo-se que foram de facto repetidamente abusadas.
A trama não deixa espaço para meias-tintas. De um lado adultos, do outro crianças e adolescentes. De um lado ricos, do outro pobres. De um lado poderosos, do outro os mais desprotegidos dos desprotegidos. E isto num pais onde a impunidade se compra. Como duvidar?
Pelo contrário, é quando a emoção exige certezas que temos de nos impor a dúvida no nosso espírito.
Todas as investigações de abuso sexual são difíceis. Sobretudo quando acontecem, como a maior parte das vezes acontecem, em contexto familiar. É a palavra da criança, confusa, vulnerável, traumatizada e assustada, contra a do abusador, adulto, maduro, dominador e racional. E quando tudo aconteceu longe dos olhos de todos.
Não é bem o caso deste processo. São várias vítimas e vários abusadores. Gente que se tinha de contactar e de se deslocar. Neste tipo de crime, trata-se, apesar de tudo, de uma investigação mais fácil porque os abusadores estiveram mais expostos. Sobretudo os que são figuras publicas facilmente reconhecidas.
Infelizmente, sabemos quais foram as penas mas não temos ainda acesso à sentença (o que é absurdo, num caso com este grau de mediatização, depois de seis anos de julgamento e quando as últimas alegações foram ouvidas em Fevereiro de 2009) nem conhecemos a fundamentação para cada uma delas (coisa inaceitável num caso com este melindre público). Tudo só pode ser dito e escrito com uma reserva que não era suposto existir depois da condenação.
Sabemos que as provas contra os condenados, com a excepção de Carlos Silvino, se baseiam nos testemunhos das vítimas. Não há, pelo que percebi, provas circunstanciais.
Sempre com a reserva que a informação incompleta obriga, sabe-se que , com excepção de Manuel Abrantes e Carlos Silvino (um era motorista do outro) e de um telefonema do consultório de Ferreira Diniz para Rito, que terá tido outra origem, não há um registo de telefonema para Carlos Silvino, outro abusador ou vítimas de nenhum dos acusados. Isto apesar de milhões de registos de um período de dez anos investigados. Nada. Em dez anos, com tantos encontros e tanta gente nesta rede, nunca ninguém falou com ninguém. E sabemos que estes registos só foram incluidos no processo a pedido dos arguídos. O Ministério Público considerva uma não prova.
Apesar de serem seis abusadores e sete abusados (os outros 25 referem-se apenas a Silvino), nunca ninguém, a não ser os assistentes neste processo, viu os condenados próximo de nenhum dos doze lugares que tantas vezes terão visitado. A não ser a empregada de Ferreira Diniz que disse que terá visto Carlos Cruz sentado na sala de espera da sua clínica, coisa que não ficou muito clara em julgamento e que desconheço se estará sequer na fundamentação da sentença. Isto apesar de Carlos Cruz ser, à época, uma das figuras mais conhecidas deste País e de dificilmente escapar à atenção de qualquer pessoa. E não foi por não se procurar: foram ouvidas 900 testemunhas, cem só em Elvas. E nunca ninguém viu nada em nenhum dos doze locais.
Três dos doze locais chegaram a ser identificados com morada certa e deixaram de o ser quando se mostrou impossível que ali tivessem acontecido os crimes. Passaram então a ser identificados como um prédio nos números impares da Alameda Afonso Henriques, outro na Avenida da República perto da Feira Popular e uma moradia algures no Restelo, para lá de um outro que já era identificado como um lugar não determinado da Buraca. Como puderam, nestes casos, os arguidos defender-se quando nem é possível encontrar testemunhas?
A descrição da casa de Elvas feita pelas vítimas estava toda errada, sendo certo que não houve obras na casa até à prisão do acusado. Mais: uma das vítimas fora lá ainda antes, na companhia de uma jornalista da TVI. A jornalista depôs em tribunal e explicou que o queixoso estava à nora. E à casa de Elvas, descrita como centro de orgias, afinal só foi, segundo a sentença, Carlos Cruz.
Como se pôde ouvir na leitura da sentença, grande parte das datas é de uma enorme imprecisão. Há mesmo dois casos envolvendo Carlos Cruz em que se situa um crime algures num trimestre. Como é possível provar a inocência num espaço tão dilatado de tempo?
Sem provas circunstanciais, pequenas que sejam, restou a palavra das vítimas. Imprecisa, difusa e, neste processo, muitas vezes contraditória. Coisa natural, dado a distância temporal e o trauma, dirão e eu concordo. Mas como se podem defender os acusados quando a única coisa que sobra é essa imprecisão? Sem contar que algumas das vítimas acusaram pessoas de crimes que se vieram a provar sem fundamento.
Não conheço Carlos Cruz ou qualquer outro dos condenados. Não tenho por eles nem simpatia nem antipatia. Não tenho qualquer convicção em relação à sua culpa ou inocência. Sei que duvidar da palavra de vítimas de abuso sexual pode ser de uma enorme crueldade. Mas sei que noutros países já aconteceram processos destes que se vieram a provar infundados. Que sem nada que sustente a culpa a não ser a palavra das vítimas estaremos num terreno pantanoso.
Se acho que as vítimas mentiram? Nem sim, nem não. Não tenho como saber de uma forma rigorosa e racional. A emoção diz-me que não, mas a razão não me diz nada. Se acho que, não mentido, têm obrigação de se recordar com precisão de datas e de casas? Claro que não. Só têm obrigação de dizer a verdade com o rigor que lhes é possível.
Repito: não tenho qualquer convicção nesta matéria. Mas tenho muitas dúvidas, baseadas em factos e não em emoções (essas levar-me-iam para a condenação certa), sobre esta investigação e este julgamento, nos quais abundaram episódios caricatos. Por isso, não me junto ao coro de festejos populares. Porque ele resulta quase exclusivamente de julgamentos emocionais pouco informados (os poderosos tinham de ser culpados) e porque estas dúvidas não me deixam descansado. E se algum destes condenados for inocente? E se não tiveram, perante tanta imprecisão, forma de se defender? E se as vítimas não estivessem a dizer a verdade quando mais nada existe a não ser a sua palavra? Imaginam a monstruosidade?
Seria excelente estar do lado da certeza reconfortante: o poder mediático e económico não conseguiu calar a justiça e por uma vez as vítimas viram as suas vidas destruídas vingadas. Mas se não for assim? Se algum dos condenados não for abusador? A frieza sinistra da dúvida é lixada. Mas é a única coisa que nos salva da injustiça das verdades feitas. E os factos que conheço sobre esta investigação não me dão as certezas de que precisava."