Como em tudo na vida até para ser cão é preciso ter sorte… não sei se alguém alguma vez disse isto, por isso acautelo desde já o plágio.
Há uma pergunta cuja resposta provocaria em mim uma real angústia… qual o livro da minha vida? E se um dia a pergunta for feita? De onde virá essa angústia? Não sei! E se um dia quando acordar alguém estiver lá de microfone em riste?
Há um livro que simplesmente tive o privilégio de ler, nem questiono mesmo se mudaria a minha vida, os meus princípios ou convicções… se um dia for essa a pergunta…
“Timbuktu”… corro agora muitas vezes para ele pelas circunstâncias da vida de seres muito pouco privilegiados. Nesta fantástica obra de Paul Auster, Mr. Bonnes um cão de raça indefinida, rafeiro adoptado para ser mais precisa, narra e vive a história de William Gurevich… “- que mais simpática e honesta testemunha pode ter a vida de um homem que não seja um cão?” Questiona Auster.. Após o Pai Natal lhe ter aparecido na televisão, William, homem de posses e grande promessa na produção poética, transforma-se em Christmas, um vagabundo que percorre as ruas na costa leste dos EUA - “Desde que William perdeu o contacto com os seres humanos o cão é aquele que nos pode relatar o que está a acontecer”… diz o autor.
Eu também já tive um cão, de raça indefinida… Lembro… o nosso grande segredo… o nosso grande laço, tão pequenino e tão gordinho, as noites em que era o personagem principal e dormia a chuchar no conforto do meu dedo! Lembro-me… o olhar brilhante…a alegria com que sempre me recebia! O meu grande Baco gostava de vinho branco… a partilha era mesma a capacidade de fazer amigos e a da solidão… Não sabia como ele entendia o mundo, não sei se partilhava as minhas dúvidas e as minhas hesitações!
Espero que Baco se tenha encontrado Mr. Bones no Timbuktu, dizem ser o paraíso das almas, para onde todos nós vamos, depois de morrer.
Dizem que todo o sonho americano tem a sua Dark Side… talvez a fórmula se aplique a toda a humanidade quando o destino é trágico…
O encontro no Jardim Público, com um dos membros da família dos “abana o rabo”, um cão que como Mr. Bones, que se transformou em Cal e depois em Sparky, também nasceu com a sina de não ter apenas um nome… repito, para não perder a ponta do fio da meada. O encontro, no jardim público com Sakura, o seu novo nome, levou-me ao Canil da Covilhã.
Era um cão inteligente, começou por seduzir… a fórmula é sempre a mesma, os restos do restaurante, neste caso do “Sporting”, e o saco era enorme, do tamanho da simpatia e afabilidade do funcionário do restaurante… a fomeca sempre apertava mas… mesmo quando se esquecia, voltava atrás e mimava os novos amigos… depois atacava o saco da comida.
Foi apanhado na rede… lá fui eu salvar o bicho daquela condenação humilhante sem julgamento e sem pecado… a não ser que a lenda seja verdadeira e seja canino o guia e guardião do Reino dos Mortos culpado dos seres humanos terem perdido a imortalidade. “caiu na rede” na forma canina, como é óbvio!
Aquele canil é malcheiroso, frio por demais, a alimentação pareceu-me escassa pelo aspecto e magreza dos seus locatários, o espaço das celas é minúsculo, os animais amontoados não têm um espaço para ginasticar a liberdade, a fidelidade, a solidariedade, a independência, a altivez, os afectos, o amor incondicional, a inteligência, a irreverência, a generosidade, o espírito de sacrifício, a teimosia, a curiosidade, o capricho, a desobediência, brincadeira… A todos estes cães desta porcaria, para não dizer merda, de Canil da Covilhã, propriedade da empresa Águas da Covilhã e apoiado, não sei de que forma, por uma tal Associação de nome Rude, a todos estes cães repito, só lhe falta falar. E Vem-me à memória o belíssimo poema de amor de um homem a um cão de Manuel Alegre. - cito:
"Alguém falou da tristeza e do vazio do olhar dos animais. Vi a tristeza, em certos momentos, no olhar do cão. A tristeza de quem quer chegar à palavra e não consegue.” E eu Também vi no olhar de todos aqueles cães a cruel e rude natureza da natureza humana… e entre lágrimas de raiva apeteceu-me rebentar com todas aquelas grades e gritar: “Vamos rapazes “ a Liberdade está a passar por aqui”! ocupem território nas ruas e nos jardins da Covilhã que a revolução é feita de ocupações…lembrei-me de lhes citar Neruda “ Pensem que o elefante tem o mesmo número de letras que mariposa e é muito maior”...
Sakura amanhã vou resgatar-te e vou ler-te um poema de amor…
Há uma pergunta cuja resposta provocaria em mim uma real angústia… qual o livro da minha vida? E se um dia a pergunta for feita? De onde virá essa angústia? Não sei! E se um dia quando acordar alguém estiver lá de microfone em riste?
Há um livro que simplesmente tive o privilégio de ler, nem questiono mesmo se mudaria a minha vida, os meus princípios ou convicções… se um dia for essa a pergunta…
“Timbuktu”… corro agora muitas vezes para ele pelas circunstâncias da vida de seres muito pouco privilegiados. Nesta fantástica obra de Paul Auster, Mr. Bonnes um cão de raça indefinida, rafeiro adoptado para ser mais precisa, narra e vive a história de William Gurevich… “- que mais simpática e honesta testemunha pode ter a vida de um homem que não seja um cão?” Questiona Auster.. Após o Pai Natal lhe ter aparecido na televisão, William, homem de posses e grande promessa na produção poética, transforma-se em Christmas, um vagabundo que percorre as ruas na costa leste dos EUA - “Desde que William perdeu o contacto com os seres humanos o cão é aquele que nos pode relatar o que está a acontecer”… diz o autor.
Eu também já tive um cão, de raça indefinida… Lembro… o nosso grande segredo… o nosso grande laço, tão pequenino e tão gordinho, as noites em que era o personagem principal e dormia a chuchar no conforto do meu dedo! Lembro-me… o olhar brilhante…a alegria com que sempre me recebia! O meu grande Baco gostava de vinho branco… a partilha era mesma a capacidade de fazer amigos e a da solidão… Não sabia como ele entendia o mundo, não sei se partilhava as minhas dúvidas e as minhas hesitações!
Espero que Baco se tenha encontrado Mr. Bones no Timbuktu, dizem ser o paraíso das almas, para onde todos nós vamos, depois de morrer.
Dizem que todo o sonho americano tem a sua Dark Side… talvez a fórmula se aplique a toda a humanidade quando o destino é trágico…
O encontro no Jardim Público, com um dos membros da família dos “abana o rabo”, um cão que como Mr. Bones, que se transformou em Cal e depois em Sparky, também nasceu com a sina de não ter apenas um nome… repito, para não perder a ponta do fio da meada. O encontro, no jardim público com Sakura, o seu novo nome, levou-me ao Canil da Covilhã.
Era um cão inteligente, começou por seduzir… a fórmula é sempre a mesma, os restos do restaurante, neste caso do “Sporting”, e o saco era enorme, do tamanho da simpatia e afabilidade do funcionário do restaurante… a fomeca sempre apertava mas… mesmo quando se esquecia, voltava atrás e mimava os novos amigos… depois atacava o saco da comida.
Foi apanhado na rede… lá fui eu salvar o bicho daquela condenação humilhante sem julgamento e sem pecado… a não ser que a lenda seja verdadeira e seja canino o guia e guardião do Reino dos Mortos culpado dos seres humanos terem perdido a imortalidade. “caiu na rede” na forma canina, como é óbvio!
Aquele canil é malcheiroso, frio por demais, a alimentação pareceu-me escassa pelo aspecto e magreza dos seus locatários, o espaço das celas é minúsculo, os animais amontoados não têm um espaço para ginasticar a liberdade, a fidelidade, a solidariedade, a independência, a altivez, os afectos, o amor incondicional, a inteligência, a irreverência, a generosidade, o espírito de sacrifício, a teimosia, a curiosidade, o capricho, a desobediência, brincadeira… A todos estes cães desta porcaria, para não dizer merda, de Canil da Covilhã, propriedade da empresa Águas da Covilhã e apoiado, não sei de que forma, por uma tal Associação de nome Rude, a todos estes cães repito, só lhe falta falar. E Vem-me à memória o belíssimo poema de amor de um homem a um cão de Manuel Alegre. - cito:
"Alguém falou da tristeza e do vazio do olhar dos animais. Vi a tristeza, em certos momentos, no olhar do cão. A tristeza de quem quer chegar à palavra e não consegue.” E eu Também vi no olhar de todos aqueles cães a cruel e rude natureza da natureza humana… e entre lágrimas de raiva apeteceu-me rebentar com todas aquelas grades e gritar: “Vamos rapazes “ a Liberdade está a passar por aqui”! ocupem território nas ruas e nos jardins da Covilhã que a revolução é feita de ocupações…lembrei-me de lhes citar Neruda “ Pensem que o elefante tem o mesmo número de letras que mariposa e é muito maior”...
Sakura amanhã vou resgatar-te e vou ler-te um poema de amor…
1 comentário:
Encontrei, obrigada. Como sabe manufactura eu não podia estar mais de acordo consigo. Um abraço felino ao meu mano, abana rabo-Sakura.
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