Protocolar… publicitar… plantar… postular… pulverizar… providenciar…
Esta noite, pela primeira vez deitado entre muros de carris, como um cristo empalhado numa pequena cruz. Nunca teve um fascínio especial pelo vitalismo das estrelas, sempre temeu as suas perigosas fantasias e perigosas maquinações daqueles luminosos magnetos cósmicos. Deslumbrado apenas pelo inócuo ensaio visceral do ritmo das palavras, nunca teve o fascínio em ir além dos carris visíveis, onde a vontade sempre encerrou o seu mundo. Quando era criança estabeleceu o limite, os estores internos, partia com o comboio na métrica medida das suas palavras, sem que as temíveis terras ocultas o tentassem. Pedro nasceu com um pé virado para cada lado, aliás, os pés estavam na posição correcta, o seu cérebro é que nunca o percebeu, comandava-os sempre em direcções proporcionalmente opostas, a natureza da afasia antecipou-lhe a raia do ramerrão destemperado da vida quotidiana. Foi um ponto a seu favor quando foi promovido a chefe da estação, o primeiro imperativo seria ter o receio de embarcar, um exílio no cais que nem sequer era forçado, mas, pré-determinado. Concentrava-se na métrica medida das suas palavras e por instantes conseguia acompanhar o comboio, mesmo que, sempre aquém dos carris ainda visíveis, vencia a exigência da natureza, prestava homenagem à lavra das palavras, apenas interrompida pelo desaparecer da composição.
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