sexta-feira, 29 de maio de 2009

... mais um matraquilheiro especialista nos matrecos e na matraquilhada...

ouvir aqui

Fragmento audio da presença de Nuno Melo, representante do CDS/PP (partido tão querido e apadrinhado, pela hierarquia, na minha escola). Mas desta vez não foi necessário aos professores desenvolver a enfadonha e burocrática tarefa de planificar a actividade, indicando os público alvo; elaborar, corrigir e fazer o tratamento estatístico da ficha de observação da actividade (a ministrar aos alunos); copiar umas vinte vezes o plano para cada sector na Escola e fazer uns vinte ou trinta relatórios, até se reconhecer a pertinência da actividade. Chiça do que nos livrámos!!! O Nuno Melo de certeza que trazia tudo já feito... Obrigado Nuno Melo:) :) :)
Peço desculpa de não ter participado na matraquilhada, com um cavalheiro de tão boa figura, mas o excesso nas cerejas revolveu-me a tripa, tive de ir dar uma caminhada e largar umas bufas (também uma forma de intervenção política e tão conhecida dos nossos alunos, mesmo em contexto de sala de aula). Espero não ser penalizada na minha avaliação por tal ausência:) :) :)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

... a actuação da autoridade florestal nacional no caso dos sobreiros do parque de feiras de s. miguel, no tortosendo, deixa muito a desejar...


"A Quercus criticou ontem [ver Diário XXI de ontem] o despacho conjunto que conferiu ao abate das árvores a Declaração de Imprescindível Utilidade Pública (DIUP) sem a qual não seria possível abater as árvores que são espécie protegida.
Não seria possível, mas na realidade foi. Pelo menos 75 sobreiros foram abatidos sem a autorização da AFN e isso resultou numa multa inferior a mil euros.
À parte do crime compensar, neste caso, levanta-se ainda outra dúvida que deixa mal na fotografia a AFN e também o secretário de Estado adjunto da Administração Local, Eduardo Cabrita. Em Julho de 2007 decidiu expropriar o terreno por utilidade pública, com urgência.
Dois anos depois, assina a DIUP, com os ministérios da Agricultura e do Ambiente que permite derrubar cerca de 300 sobreiros, alegando não existirem alternativas de terreno para o parque de S. Miguel. Explicação para isso é que nunca houve, por mais e-mails e telefonemas que se tenham feito – e foram às dezenas nos últimos seis meses. Nunca houve resposta da secretaria de Estado da Administração Local ou do Ministério da Agricultura que tem a tutela das florestas. Lamentável."
Francisco Cardona
- diário XXI

...atentado contra o património local... parte um...




No monte caótico de entulho, que a coroa, espelha-se o declínio e o monstruoso estrago desta magnífica capela edificada em 1816.
Há muitos, muitos anos... mandou fazer esta capela o capitão João Gregório Tinoco Vieira, para educação católica de seus filhos, integrada na quinta de S. João, a que a Câmara Municipal da Covilhã testemunha, hoje, como um local de interesse turístico.
Os frescos desta capela, assim como o tecto em madeira, cujas imagens policromadas perfeitamente perceptiveis, permanecem sem projecto de uma avaliação, carecendo de um intervenção qualificada e de uma comprovação documentada.
Dizem por lá, ser propriedade de uma família poderosa na cidade, uma tal família Brancal.
Como é que a vila do Teixoso ainda pode dispensar este seu testemunho? O risco deste se perder é acompanhado pelo risco da perda da sua identidade que se constroí na permanência e na mudança.
Ana Monteiro

...el império azulgrana lo conquista todo

quarta-feira, 27 de maio de 2009

...governo dá luz verde para abate total de sobreiros...

Os ministérios do Ambiente e Agricultura deram autorização para o abate das árvores, mas a Câmara da Covilhã garante que vai manter os sobreiros adultos .
Os ministérios do Ambiente e da Agricultura emitiram a Declaração de Imprescindível Utilidade Pública (DIUP) que autoriza a Câmara da Covilhã a abater a totalidade dos sobreiros existentes no do parque de feiras de S. Miguel, no Tortosendo. A autorização é justificada com “o relevante interesse público, económico e social da obra” e “a inexistência de alternativas válidas à sua localização pois o terreno foi expropriado por utilidade pública”, lê-se no documento a que o Diário XXI teve acesso.
A DIUP foi publicada sexta-feira, em Diário da República, após a autarquia ter pago uma coima, inferior a mil euros, por mutilação e abate ilegal de 75 sobreiros jovens, em Novembro do ano passado, apurou o Diário XXI junto de fonte ligada ao processo.
A Declaração permite abater de 236 sobreiros jovens e 53 adultos no parque de Feiras de S. Miguel, no Tortosendo. Ou seja, à autorização foram retirados os 75 sobreiros jovens, alvo da coima instaurada pela AFN e paga pelo município.
Apesar da via verde obtida para abater a totalidade das árvores, em comunicado, a autarquia não tenciona abater os sobreiros adultos. “A Câmara da Covilhã mantém e reafirma publicamente, que os sobreiros adultos foram preservados e que, desde a elaboração do projecto, foram considerados como elementos integrantes e valorizadores daquela infra-estrutura”, lê-se no comunicado.
Em Setembro, a Câmara da Covilhã pediu ao Núcleo Florestal da Beira Interior Sul o abate de 364 sobreiros (311 jovens e 53 adultos) tendo iniciado as obras dois meses depois sem que o processo tivesse sido deferido pela Autoridade Nacional Florestal (AFN). Tendo iniciado os trabalhos de construção do parque, sem autorização da AFN para abate das árvores, a equipa de ambiente da GNR entrou em acção levantando um auto de contra ordenação que levou seis meses a ser decidido.
O projecto do parque de S. Miguel foi aprovado depois de, em Julho de 2007, 2,5 hectares de terreno terem sido expropriados à família Garrett, por utilidade, reconhecida pelo secretário do Estado da Administração Local, Eduarda Cabrita.

QUERCUS CONTESTA
As posições do secretário de Estado da Administração Local, que também assinou a DIUP, e da AFN são contestadas pela Quercus. Segundo Domingos Patacho, a AFN “não aplicou a legislação [169/2001] como deveria porque a DIUP carece de um estudo alternativo de localização que não foi feito”.
“O Governo primeiro expropria e depois conclui pela inexistência de alternativas”, critica Domingos Patacho. “Deveria ter sido ao contrário para tudo ser transparente”, concluiu o dirigente da Quercus.
A construção do parque de feiras de S. Miguel foi adjudicada, há dois anos, à empresa Lambelho e Ramos Lda. / Consequi S. A. por 374 mil euros. A inauguração está prevista para o dia 20 de Junho. Francisco Cardona

...histérico - espectáculo performativo ARTES E CAFÉS...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

...o crocodilo...

"Numa sofisticada galeria de lojas em São Petersburgo, o funcionário público Ivan Matviéitch é engolido vivo por um réptil exposto à visitação. Com este acontecimento insólito Dostoiévski inicia 'O crocodilo', um conto imprevisível que, mais de cem anos depois, continua a intrigar os leitores- tanto pela sátira impiedosa à burocracia como por sua crítica à concepção de progresso em voga na Rússia. Já o segundo texto que compõe este livro, 'Notas de inverno sobre impressões de verão', é escrito num tom bastante distinto. Aqui Dostoiévski faz o relato febril, quase vertiginoso, de uma viagem que realizou por vários países da Europa no verão de 1862. Particularmente reveladoras são suas observações sobre as metrópoles de Londres e Paris, que resultam numa análise aguda- e atualíssima- da 'personalidade ocidental', cindida entre os pólos do individualismo e da fraternidade, da ambição e do sacrifício."

...o resto é tetra...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

...vai para o caralho...

"… afinal o que é o caralho? Qual a sua origem?
Pois bem, segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é um pequeno Habitáculo em forma de cesta, localizado no alto dos mastros das antigas naus que singravam os mares. Muito comum na imposição de castigos aos marinheiros rebeldes, que permaneciam por um dia inteiro ou até mesmo vários dias, como punição por desordens e outras infrações.
Daí vem a célebre expressão VAI PARA O CARALHO"
"

quarta-feira, 20 de maio de 2009

...o interior a cair de podre..

Os quatro veículos da esquadra de Investigação Criminal da PSP da Covilhã estão encostados por falta de verbas para manutenção, 'comprometendo seriamente', o trabalho da Polícia. 'Não existe uma única viatura descaracterizada com condições de segurança para circular, obrigando o seu efectivo a deslocar-se a pé ou a optar por viaturas policiais caracterizadas, comprometendo seriamente o bom desempenho profissional', disse ao Diário XXI Leonel Silva, dirigente do Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP). O dirigente fala mesmo em situação de 'ruptura', no parque automóvel da Divisão da PSP da Covilhã. Para além do número de viaturas ser insuficiente, o parque automóvel regista 'problemas mecânicos graves', aspecto exterior degradado e interiores em mau estado. 'Há viaturas que não marcam quilómetros, não marcam a velocidade e o manómetro do combustível não funciona', denuncia Leonel Silva. 'Vão à inspecção e vêm de lá chumbadas', acrescentou o dirigente do SPP. A denúncia pública surge depois de ter enviado, em Abril, à Direcção Nacional e ao Comando Distrital de Castelo Branco da PSP, uma carta onde se abordava a degradação da frota e apelava à resolução dos problemas. 'Além de não obtermos resposta à carta, nada foi feito até ao momento para resolver ou minimizar a situação', lamentou Leonel Silva. ~
'A CRISE TAMBÉM CHEGA À POLÍCIA',
Contactado pelo Diário XXI Álvaro Dias, subcomissário da Divisão da PSP da Covilhã admitiu que há viaturas encostadas, mas 'nenhum serviço deixou de ser feito por falta de transporte', Aquele responsável escusou-se a precisar o número de veículos da Divisão da PSP da Covilhã e quantas estarão para ser reparadas admitindo, no entanto, que a frota automóvel precisa de ser renovada.'Se tivéssemos metade da frota avariada seria preocupante, mas isso não acontece', disse o subcomissário. 'Não havendo viaturas novas temos de aguentar as velhas porque ter eficácia é mais importante que ter carros bonitos', acrescentou Álvaro Dias. A PSP da Covilhã já solicitou à Direcção Nacional a substituição de viaturas no âmbito do plano de reequipamento da polícia mas até ao momento não obteve resposta. 'A crise também chega à polícia', concluiu. Nenhum serviço deixou de ser feito por falta de transporte.

Cinco no estaleiro, nove operacionais
A Direcção Nacional da PSP admite a existência de uma 'situação excepcional', de enfraquecimento do parque automóvel da PSP da Covilhã, mas garante que a segurança dos cidadãos, nunca esteve em causa. 'Existem neste momento na Divisão Policial da Covilhã, nove viaturas operacionais que têm permitido a prossecução da missão da PSP de acordo com o plano operacional em vigor', explicou ao Diário XXI Paulo Ornelas. O subcomissário da direcção nacional da PSP acrescentou que se encontram em manutenção cinco viaturas, para substituição de peças e verificações de sistema eléctricos, que devem estar operacionais 'em breve complementando o serviço das actuais', Paulo Ornelas confirmou o uso 'excepcional', de viaturas caracterizadas por agentes da investigação criminal, mas garante que o problema foi ultrapassado.'A PSP confirma uma situação excepcional que determinou, durante um curto espaço de tempo, o recurso a viaturas policiais caracterizadas', mas o problema 'já foi solucionada', disse Paulo Ornelas. 'As equipas de investigação criminal da PSP da Covilhã possuem os meios materiais necessários à prossecução do serviço', acrescentou o subcomissário concluindo que a missão da polícia 'nunca esteve em causa e que a segurança dos cidadãos não esteve comprometida', Viaturas de invesigação criminal paradas foi situação 'excepcional '
Francisco Cardona francisco@diarioxxi.com

...black book...


20 Maio Auditório A Moagem – 21h30

Ano: 2006

País: Holanda, Bélgica, Reino Unido, Alemanha

Género: Thriller, Guerra

Realização: Paul Verhoeven

Intérpretes: Carice van Houten, Sebastian Koch, Thom Hoffman

Holanda, 1944. São os últimos anos da II Guerra Mundial e a bela cantora Rachel Stein (Carice Van Houten) encontra-se refugiada com a família Tjepkema na Holanda rural. Outrora uma popular e rica cantora, Rachel aguarda o fim da guerra, tal como muitos Judeus na Europa, separada da sua família e na iminência de ser apanhada pela Gestapo.Quando o seu esconderijo é atacado, Rachel é levada por Rob (Michiel Huisman) para casa de Mr. Smaal (Dolf de Vries), um advogado solidário que trabalhava secretamente para ajudar os Judeus a fugir da Holanda. Relutante, Mr. Smaal arranja uma forma de Rachel se juntar à sua família e atravessar as linhas inimigas até ao território dos aliados. Mas durante este perigosa travessia, o barco sofre uma emboscada das tropas germânicas. Todos os passageiros são brutalmente assassinados pelos Nazis mas Rachel consegue escapar por um triz, saltando para o rio. Enfurecida pela memória do brutal assassínio da sua família, Rachel decide juntar-se à resistência de forma a poder vingar-se dos alemães.

http://geopoliticaguerra.blogspot.com/

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ian McEwan - a complexidade e amoralidade dos comportamentos humanos, o amor como obsessão, os mal-entendidos e os equívocos que conduzem à tragédia.

Músico frustrado, melómano, admirador de Mozart, Rossini e Donizetti, o romancista Ian McEwan, para muitos o melhor escritor britânico da actualidade, viu o seu primeiro libreto ser levado à cena no final de Outubro de 2008, quando a ópera Por Ti, do compositor Michael Berkeley, estreou no Linbury Studio da Royal Opera House, em Londres, numa produção do Teatro Musical de Gales. Num hotel de Lisboa, poucas horas antes do lançamento da tradução portuguesa do libreto (com chancela da Gradiva), McEwan falou do trabalho com Berkeley, das exigências específicas da escrita operática, da popularidade, da importância das mulheres para o futuro do género romanesco e da injustiça que foi John Updike ter morrido sem receber o Prémio Nobel da Literatura.
O que significou para si o convite que Michael Berkeley lhe fez para escrever o libreto de uma ópera? Encarou-o como um desafio às suas capacidades literárias?

Bem, nós andávamos a falar disto há um quarto de século, desde que trabalhámos juntos num oratório antinuclear [Or Shall We Die?], em 1982. Logo nessa altura, ele disse-me: «Vamos fazer uma ópera.» Só que é muito fácil dizer sim, aceitar o repto, e depois não fazer nada. Sempre que ele me propunha falarmos sobre a ópera, eu dizia que tinha começado um romance e isso ocupava-me durante três anos. Quando ele voltava à carga, eu respondia-lhe que tinha começado outro romance e o projecto ficava mais um longo período à espera. A verdade é que eu não tinha ideias muito claras sobre o que fazer. Por fim, um dia o Michael desafiou-me: «Anda, vem comigo dar um passeio pelos bosques.»
Uma boa estratégia, se pensarmos que as caminhadas são um dos seus hobbies.Sem dúvida. A ideia de um passeio a pé seduz-me sempre. Então pensei: «O Michael vem aí, é melhor pôr algumas ideias no papel.» E finalmente, mais de duas décadas após o primeiro impulso, sentei-me durante uma hora a esboçar o libreto.
Uma hora bastou?
Foi só para dar o primeiro passo, para fazer com que o texto começasse a existir.
Nesse esboço já estava o essencial do que veio a ser o libreto?
Bem, até certo ponto. Nos anos anteriores nós tínhamos procurado novelas que pudessem ser adaptadas. Eu sugeria um livro de Scott Fitzgerald, ele contrapunha com um romance sueco, depois apaixonávamo-nos por um conto de Stefan Zweig. Até que reparámos que havia um tema comum a todas essas escolhas abandonadas: a obsessão sexual. E é de facto um tema que se presta a um tratamento operático, porque arrasta grandes emoções e sugere atmosferas carregadas de energia.
Por que razão decidiu escolher Charles, um compositor e maestro, para protagonista da história?
Eu queria escrever uma ópera em que a música fosse a personagem principal. Uma das primeiras ideias foi esta: colocar o cantor que desempenha o papel de Charles a reger a música junto ao fosso da orquestra, como se fosse o verdadeiro maestro.
Isso é quase uma armadilha conceptual, uma ópera dentro da ópera. Como é que o compositor reagiu à ideia?
Com um enorme entusiasmo. Entre outras coisas, pedi ao Michael que introduzisse na partitura os sons de uma orquestra enquanto afina os instrumentos. E ele adorou a ideia, porque daquele caos sonoro começa a emergir uma ordem, à medida que a afinação tende para a nota Lá, mas nessa ordem subsiste ainda a memória do caos, que voltará a emergir com as consequências da obsessão sexual do protagonista.
Enquanto escrevia Por Ti trabalhou noutros projectos ou o libreto exigiu uma dedicação exclusiva?
Na realidade, escrevi-o ao mesmo tempo que avançava no romance Na Praia de Chesil (Gradiva, 2007). No fim de cada capítulo, voltava à ópera. Escrevia uma cena ou duas e depois prosseguia com o livro. Entretanto, o Michael ia compondo, à medida que eu lhe enviava material. Quando este se acabava, lá tinha eu que regressar ao libreto.
Lidou bem com essa pressão?
Muito bem. É uma pressão benigna, útil. Eu gosto deste tipo de pressão. Além disso, isto aconteceu durante um Verão muito agradável, passado na minha casa de campo, onde pude entregar-me à escrita sem pedidos dos jornais e outras distracções, concentrado apenas no romance e no libreto.
De que forma os códigos e convenções da ópera moldaram a sua linguagem?
Eu gosto muito dos sextetos nas óperas de Mozart e Rossini, por isso tenho pena de assistir a óperas contemporâneas em que as personagens nunca cantam ao mesmo tempo. O Michael concorda comigo e aceitou regressar a essa convenção antiga, segundo a qual é interessante termos seis pessoas em palco a cantarem em simultâneo coisas muito diferentes, por vezes em extremos opostos no espectro das emoções humanas.
O compositor pediu-lhe cortes ou acrescentos ao texto, de forma a encaixá-lo melhor na música?
Muito poucos. A nossa é uma colaboração fora do vulgar.
Porque são velhos amigos?
Sim, mas isso podia ser um problema. Na verdade, fingimos estar os dois no mesmo plano, embora eu saiba que a ópera pertence ao compositor. Neste projecto, o general é ele. Eu fui só um soldado raso.
Em que é que a escrita de um libreto difere da escrita de um romance?
No meu caso, houve algumas semelhanças entre uma experiência e outra. Eu gosto de histórias fortes, que prendam o leitor e que o mantenham na expectativa sobre como o enredo se vai resolver. Em termos de fôlego narrativo, o libreto é como uma novela, porque só tem espaço para meia dúzia de personagens. Mas também há diferenças importantes. Uma delas consiste em saber que as palavras vão ser cantadas, o que nos leva na direcção da poesia. Eu escrevi uma espécie de prosa com métrica, quase sempre em pentâmetros jâmbicos, que é como o inglês flui melhor. Mas a principal diferença é que a ópera tem a sua própria lógica. Eu queria manter-me fiel a um certo realismo psicológico, sem elementos sobrenaturais, mas não consegui, porque é impossível haver realismo psicológico, ou outro realismo qualquer, quando as pessoas cantam. Justamente porque cantam, as suas emoções transbordam e tornam-se desmedidas.
Embora curto, o texto do libreto funciona como uma súmula dos seus grandes temas: a complexidade e amoralidade dos comportamentos humanos, o amor como obsessão, os mal-entendidos e os equívocos que conduzem à tragédia, a omnipresença do sexo, etc. Quis que esta ópera tivesse, bem visível, a sua marca?
Não de uma forma consciente, mas ninguém escapa a si mesmo. Admito que existe ali qualquer coisa de O Fardo do Amor, qualquer coisa de Amsterdão, qualquer coisa de Expiação.
Já que menciona o romance Expiação, parece-me que a criada polaca de Por Ti, Maria, é uma espécie de Briony. Também ela interpreta mal (não o que vê, mas o que ouve) e torna-se o agente da desgraça alheia.
Sim, mas é mais destrutiva. Tenho muito medo desta ópera por causa dos polacos. Já disse ao Michael que, se montarem Por Ti na Polónia, a Maria tem que passar a ser romena. E depois, quando se montar Por Ti na Roménia, temos que encontrar outra nacionalidade qualquer (risos).
Ela é talvez a mais operática das personagens desta ópera.
Oh, sim, sem dúvida. Ela e Charles, mas sobretudo ela.
Há uma cegueira absoluta que a domina.
Sim. Ela é como que um prolongamento do meu romance O Fardo do Amor. Sofre de uma monomania, uma psicose que a faz interpretar tudo o que lhe dizem como uma confirmação dos seus desejos e obsessões.
Já Charles é o típico exemplo do artista que se considera genial e por isso liberto de quaisquer constrangimentos éticos.
Suponho que há um espírito do século XVIII em mim, porque sou muito céptico em relação a quem proclama viver fora da moralidade. Como disse em Amsterdão, talvez uma ou duas vezes por século aparece um homem ou mulher com a estatura de Shakespeare ou Beethoven, e a esses talvez se possa perdoar os excessos. Aos outros, aos simples mortais que se embebedam e batem nas mulheres, ou tratam mal toda a gente, usando, como Charles, a desculpa de serem artistas, a esses não perdoo.
No final, Charles recebe o devido castigo, um pouco à maneira do Don Giovanni de Mozart. Também ele se vê atirado para um inferno, embora metafórico: a prisão. Mas nesta espécie de justiça poética, que faz com que o monstro pague por um crime que não cometeu, esconde-se um desenlace moral. Bastante inesperado, diga-se, vindo de si.Eu sei, eu sei. Não queria um desenlace moral, mas saiu assim.
Foi a ópera que o empurrou para aí?
Foi, foi mesmo. Transformou-me num moralista, contra a minha vontade.
Ainda assim, a ironia salva-lhe a reputação. Especialmente na cena, julgo que inédita na História da Ópera, em que assistimos a um caso de disfunção eréctil.Sim. Gostei muito de escrever essa cena, em que a jovem amante de Charles canta: «Dizem que uma erecção nunca mente, mas isto também é eloquente.»
Durante os ensaios, ao ver o seu texto cantado em palco, como é que reagiu?
A primeira coisa de que me apercebi foi que as personagens podem ser alucinadas, loucas e más na página, mas a música confere-lhes calor humano. Até Charles se torna simpático, ao ponto de quase sentirmos pena dele. Ou de Maria.
Alguma vez desejou ser músico?
Sim. Fui uma daquelas crianças que desistiu do piano demasiado cedo. Devia ter prosseguido os meus estudos. Mais tarde cantei em coros. E ainda hoje fico doido se ouço uma guitarra desafinada. Às vezes tenho a sensação de que perdi qualquer coisa.
Talvez. Mas ganhou o poder de inventar músicos, e as suas vidas, nos livros que escreve. É uma consolação.É uma consolação, de facto.

Consegue lidar bem com a enorme popularidade de que goza no Reino Unido?
Sim. É certo que recebo muitos convites e sinto-me sempre um bocadinho culpado quando digo que não. Mas a fama literária não é como a fama futebolística, cinematográfica ou televisiva. As pessoas que me abordam gostam de livros e de literatura, pedem sempre muitas desculpas por me interpelarem e não são particularmente intrusivas. Ninguém me rasga a camisa quando vou a sair do hotel.
Em que ponto está o seu próximo romance, inspirado no problema das alterações climáticas?
Vou mais ou menos a dois terços. Estou a reescrever esses dois terços, para que fiquem sólidos, antes de me abalançar às últimas 30 mil palavras.
Este libreto foi um caso isolado ou é uma experiência para repetir?
Para repetir. Só que da próxima vez que trabalhar com o Michael talvez saia um musical. Já pensámos nisso e eu voltei a dizer que sim a tudo, mas a não fazer nada.
Há uns tempos, andou com o seu filho pela rua, no centro de Londres, a oferecer livros que tinha em duplicado na sua biblioteca. Todas as mulheres com que se cruzou aceitaram a oferta, enquanto todos os homens (menos um) a recusaram. Num
texto publicado pelo The Guardian, a sua conclusão foi: «Quando as mulheres pararem de ler, o romance estará morto.» Será mesmo assim?
Bom, a verdade é que são as mulheres as principais consumidoras de romances. Porquê? Talvez porque as mulheres têm um interesse maior nas pessoas do que em coisas. Há sempre um risco, ao abordar este tema, de cair em generalizações, mas a minha experiência diz-me que as mulheres têm uma capacidade mais fina de interacção pessoal. O radar delas é mais exacto. E os romances são quase sempre sobre interacções pessoais. Independentemente do que os modernistas possam ter dito no início do século XX, o romance voltou, em minha opinião, a reclamar o que acontece na vida privada.
Num outro
artigo que escreveu após a morte recente de John Updike, disse que o seu desaparecimento, depois de Saul Bellow e Norman Mailer, representava o fim de uma era dourada das letras americanas. Agora, sobraria uma enorme planície com um pico solitário: Philip Roth.
Muita gente ficou furiosa comigo por ter escrito isso.
Talvez porque é uma afirmação injusta, além de excessivamente pessimista. Então e Don DeLillo, Cormac McCarthy, Thomas Pynchon?
Eu sei que ofendi a maioria dos meus amigos. Onde é que fica o Tobias Wolf, o Richard Ford, a Toni Morrison? Pois. Eles estão ainda a crescer. As placas tectónicas movem-se e essas montanhas hão-de subir até se tornarem grandiosas. Enfim, toda a gente faz listas e esta era a minha. Só isso.
Acha que Philip Roth ainda vai ganhar o Nobel?
Sim, claro, mas acho que o John Updike é que devia ter ganho. De qualquer forma, o Nobel já foi negado a tantos escritores maiores e atribuído a tantos escritores menores que deixa de ter qualquer importância.
E o Ian, já se imaginou em Estocolmo a receber o prémio?
Não.
Costuma ler o que os autores britânicos mais novos vão publicando?
Para ser franco, nem por isso. Há tanta coisa a acontecer. Os livros dos meus amigos que chegam praticamente todos os meses. Os livros que quero reler. Não me sobra tempo para ter uma visão global do que é a literatura britânica contemporânea.
O que é que está a reler agora?
Estou a reler, de Charles Darwin, A Viagem do Beagle, A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais e A Descendência do Homem. Como vou participar num seminário sobre Darwin, no Chile, mais para o fim do ano, decidi imergir completamente nas suas obras.
http://bibliotecariodebabel.com/entrevistas/ian-mcewan-ninguem-me-rasga-a-camisa-quando-vou-a-sair-do-hotel/

quinta-feira, 14 de maio de 2009

...escola proíbe minissaias, decotes e calças descaídas ...

A Presidente do Conselho Executivo da Escola José Maria dos Santos, no Pinhal Novo (Palmela), fez uma emenda ao regulamento interno do estabelecimento para proibir tops com decotes pronunciados, minissaias muito curtas e calças descaídas. Natividade Azeredo justifica a decisão: "Enquanto cá estiver irei transmitir aos meus alunos valores e princípios"
A notícia é avançada pela edição impressa desta quarta-feira do Correio da Manhã. Natividade Azeredo, Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos José Maria dos Santos , alterou o regulamento interno da escola acrescentando uma alínea b) ao artigo 19º, referente aos deveres do aluno: "Apresentar um aspecto asseado e limpo, vestindo-se de forma adequada ao espaço da sala de aula". Segundo a própria, esta alteração destina-se a evitar decotes pronunciados, minissaias muito curtas, ou calças descaídas com os boxers à vista."Um professor sentiu-se incomodado por conseguir ver as cuequinhas de uma menina, devido à minissaia muito curta que ela trazia vestida", explicou Natividade Azeredo, que deu ainda outro exemplo: "Olhei e vi os boxers laranja de uma rapaz, porque as calças estavam muito descaídas. Falei com ele e a situação resolveu-se. Enquanto cá estiver irei transmitir aos meus alunos valores e princípios", concluiu. http://www.esquerda.net/

Este domingo Benfica faz simulacro de vitória na Liga Sagres

"Este domingo terá lugar, em Lisboa, um simulacro da vitória do Benfica no principal campeonato de futebol português. A exemplo do que acontece com os simulacros de grandes acidentes naturais, coordenados pela Protecção Civil, o Benfica pretende preparar os seus adeptos e a cidade para a eventualidade de voltar a ganhar o campeonato nacional de futebol. Este evento, onde são esperadas mais pessoas do que na última vitória do Benfica na volta a Portugal em bicicleta, obrigará ao encerramento de várias ruas em Lisboa como a 2ª circular, Av. Lusíada, Av. Liberdade e claro Marquês de Pombal. O novo Hospital da Luz também vai ser palco do simulacro com maior incidência na área de cardiologia e tratamentos de excessos de álcool. O director de comunicação do Benfica, João Gabriel, explicou ao IVA : “este simulacro é muito importante para que os nossos adeptos não percam o hábito de festejar o título e para testarmos que tudo funcionará em caso de eventual futura vitória. Todo o evento será coberto pela Benfica TV mas apenas com a imagem do José Carlos Soares a relatar os acontecimentos. “A saúde do nosso presidente também exige que o vamos preparando com estes simulacros.”"

segunda-feira, 11 de maio de 2009

...premiere pride...

"Há uma serie de evocações que se podiam exemplificar indefinidamente, sobre o papel e a importância do medo na história dos seres humanos e também as razões ideológicas do longo silêncio que se tem feito dele. O medo é um fenómeno ambíguo e até pode ser entendido como defesa do organismo. No entanto, se passa a dose suportável pode tornar-se patológico e criar bloqueios, tanto a nível individual como nas culturas.Vários foram os filósofos que tentaram caracterizá-lo, talvez para ganharem audácia e não terem medos, a questão da morte é terrível. Descartes, o filósofo das paixões, dizia que o medo era “uma cobardia por oposição à coragem”; e para outros o medo era causa da pouco evolução de certos indivíduos ( Marc Oraison). Outros defendem que o medo nutre muito o sentimento religioso e político, como aquele que nos persegue com as teorias alimentares, as gripes ou a crise económica. Lacan nalgum dos seus seminários terá dito e cito de memória que “quem for presa do medo corre o risco de se desagregar”.Vem isto a propósito dos sentimentos de exclusão social que afloram por medos em sociedades pouco urbanas, onde se cultivam sentimentos de intolerância como Racismo, perseguições políticas, religiosas ou relativo a orientações sexuais como a Homofobia.Ontem em Alcobaça realizou-se pela primeira vez um evento muito inovador: O PRIMIERE PRIDE. Primeiro encontro contra a Homofobia. Foi gratificante ver uma juventude participativa e receptiva o que perspectiva um bom futuro. Oxalá a organização assim o entenda quanto à finalidade do evento: fomentar o respeito pelas diferenças. Espera-se que iniciativas destas ajudem a fomentar um espírito mais aberto em Alcobaça, ponha de lado tabus e perceba que sociedade é feita de direitos e não de clichés como os que por vezes lemos nos jornais locais, ou ouvimos nas rádios em máximas do tipo “a crise actual deve-se ao lobby gay”, ou permitam os governantes locais de perseguir politicamente os seus críticos por apontarem os sucessivos desgovernos camarários em compras imobiliárias no mínimo duvidosos.Dou os parabéns a quem esteve na organização do evento, ao Bloco de Esquerda e sobretudo ao Drº. Adelino Granja, que soube quebrar moldes e trazer a Alcobaça algo que está na ordem do dia, espero que o evento seja para continuar.Muitas cidades europeias fizeram dos "PRIDES PARADES" um verdadeiro símbolo para publicitar a cidade como fez Madrid (CLIC), Barcelona (CLIC) e Berlim (CLIC) só para citar algumas. Ao mesmo tempo que estimula um novo tipo de turismo cultural (CLIC e clic também AQUI) com elevado poder adquisitivo, e divulgavam mensagens contra a exclusão e a homofobia. Bandeiras maiores de sociedades evoluídas.Como observador dos fenómenos sociais e deste evento em particular entendi a mensagem que tanto o BE como o Dr. Adelino Granja trouxeram a Alcobaça e é a seguinte:“ Como seres humanos devemos de trabalhar pela igualdade, a justiça a liberdade, a solidariedade e a tolerância, para que se consiga uma sociedade mais solidária e humana.O respeito pelo próximo não deve estar contaminado por medos ou clichés relativos a género, sexo, raça, cor, etnia nem orientação sexual, religiosa ou política. Não importa o lugar que cada um ocupa na sociedade ou que poder adquira ou obtenha, muito menos o seu grau de alfabetização, os seus gostos ou os temas do seu interesse, mas sim aquilo que imana do seu coração.O evento é um convite à reflexão sobre as diferenças para se pôr em acção uma mudança na sociedade, mesmo que a dedicação de cada um seja mínima.É necessário saber estar no lugar do outro e entendê-lo como um ser vivo igual a nós, porque todos somos iguais. É das diferenças culturais e individuais e do respeito pela diferença (do outro) que advêm o enriquecimento das sociedades e a sua evolução.Estimule-se e aceite-se a diferença com honestidade e humanismo sem fragmentar ninguém nem nenhum grupo, porque as diferenças complementam-nos. Só assim, sem medos, faremos uma sociedade mais justa onde todas as nossas aspirações de cidadão livres poderão ter realmente espaço. "
extraído de

... portugal já tem o seu campeão... a espanha é que não...





...tetramagníficos...

"Embalada pelo delírio da plateia, a equipa de Jesualdo correspondeu às exigências do desafio, alargando o brilho a cada gesto e estendendo-o de um extremo ao outro do relvado, num desempenho irrepreensível de todos os executantes. Às 22h07, depois de umas quantas ameaças de golo, o F.C. Porto era campeão. De novo. E com duas jornadas ainda por disputar. A questão do título fica encerrada, mas o espectáculo ainda não acabou."

sábado, 9 de maio de 2009

...redução...

libertação de tudo o que condiciona,
despir tudo até encontrar 0 território:
desabitado de ruínas de momentos,
desabitado de rugosas profecias...

a intuição primeira...

casas sem janelas nem portas,
continuam casas,
mulheres que quase flutuam,
postas no alheamento,
continuam mulheres...

tudo despido, destruído
até onde se pode despir e destruir

jardim
a natureza encontra-se na redução
não será tempo, triângulo, lucidez, horizonte, ternura.

...apenas intuição...
...apenas redução...
texto e tela ana monteiro

...I took the poison, from the poison stream...then I floated out of here...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

...ivan, o terrível...




"De acordo com a tradição russa, uma visão do fantasma de Ivan, o Terrível, é sempre considerada como um sinal de mau agoro para quem estiver no poder. Diz-se que em 1894, quando o último czar Russo estava prestes a exercer as suas funções e perto do seu casamento com a futura Imperatriz Alexandra Fedorovna, o espirito de Ivan, o Terrível, era visto com muita frequência. O czar e a sua família acabariam por ser assassinados pelos bolcheviques depois da Revolução de Outubro em 1917".

...hoje acordei assim...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

...olhar aracnídeo...

Na estreia das entranhas do olhar
os cabides de hábitos,
as escadas de serviço,
a compaixão das portas da rua,
a impaciência do arrepio...

tela e texto ana monteiro


terça-feira, 5 de maio de 2009

...amor...

7 Maio Anfiteatro Escola Secundária do Fundão – 21h30
Grupo de Teatro Histérico da Escola Secundária do Fundão

A peça “Amor” surgiu com a vontade de se trazer para o palco um assunto que ajude a esquecer as guerras no mundo e que valorize a busca da felicidade através das emoções, intimidade e, porque não, através do amor. Pesquisaram-se textos, leram-se grandes autores, inventaram-se mais autores e todos ajudaram a por de pé esta peça para fazer guerra ao ódio, à violência e à crise, permitindo a vitória do Amor!Porque “Bem ou mal, todos amam. No centro da vida humana está o grande, o eterno desejo de todos amarem e de serem amados.”Por isso, concentremo-nos nos valores humanos e no mais alto dos valores: o Amor! Queremos um dia poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena darmo-nos às amizades, às pessoas, que a vida é bela sim, e que sempre demos o melhor de nós...e que valeu a pena!
António Pereira e Catarina Crocker

Inscrições: 969356131

...quando a pergunta é reformulada, o mistério evapora...


"As mariposas voam para dentro da chama da vela, e a coisa não parece acidental. Elas fazem de tudo para se entregar ao fogo como numa oferenda. Poderíamos rotular o comportamento como “auto-imolação” e, sob esse nome provocativo, questionar como pode ser possível que a seleCção natural possa tê-lo favorecido. A Minha tese é que precisamos re-elaborar a pergunta antes que possamos tentar obter uma resposta inteligente. Não se trata de suicídio. A aparência de suicídio é um efeito colateral inadvertido de outra coisa.Um subproduto de… quê? Bem, vai aqui uma possibilidade, que servirá como explicação. A luz artificial é uma inovação recente no mundo nocturno. Até à pouco tempo, as únicas luzes nocturnas à vista eram a Lua e as estrelas. Elas estão no infinito óptico, portanto os raios que vêm delas são paralelos. Isso torna-as adequadas ao uso como bússolas. Sabe-se que os insectos usam os objectos celestes como o Sol e a Lua para navegar com precisão em linha recta, e podem usar a mesma bússola, com o sinal invertido, para voltar para casa depois de uma excursão.O sistema nervoso do insecto é especialista em estabelecer uma regra geral temporária do tipo: “Navegue num curso tal que os raios de luz atinjam o seu olho ao ângulo de trinta graus”. Como os insectos têm olhos compostos (com tubos rectos ou guias de luz irradiando-se do centro do olho, como os espinhos de um porco-espinho), isso pode equivaler na prática a uma coisa tão simples quanto manter a luz em um tubo ou omatídio.Mas a bússola de luz depende fundamentalmente de o objecto celeste estar no infinito óptico. Se não estiver, os raios não são paralelos, e sim divergem, como os raios de uma roda. Um sistema nervoso que aplicar a regra geral dos trinta graus (ou qualquer ângulo agudo) a uma vela próxima, como se ela fosse a lua no infinito óptico, vai levar a mariposa, numa trajectória em espiral, para dentro da chama. Desenhe, usando qualquer ângulo agudo como o de trinta graus, e produzirá uma elegante espiral logarítmica para dentro da chama.Embora fatal nessa circunstância específica, a regra geral da mariposa ainda é boa porque, para uma mariposa, a visão das velas é mais rara que a da lua. Não prestamos atenção nas centenas de mariposas que navegam silenciosas, com eficácia, orientadas pela lua ou por uma estrela reluzente, ou mesmo pelo brilho de uma cidade distante. Só vemos as mariposas voando para a nossa vela, e fazemos a pergunta errada: por que todas essas mariposas estão cometendo suicídio? Deveríamos, em vez disso, perguntar por que elas têm sistemas nervosos que se orientam mantendo um ângulo fixo em relação aos raios de luz, uma táctica que só notamos quando algo dá errado. Quando a pergunta é reformulada, o mistério evapora. Jamais foi correcto chamar aquilo de suicídio. Trata-se de um subproduto indesejado de uma bússola normalmente útil." Richard Dawkins

REVOLTA


"Não posso, nem devo calar, o que sinto com a aprovação da «nova lei do financiamento dos partidos».
Revolta-me que num momento tão difícil como o que a grande maioria dos Portugueses vive, se aprove tal lei. Não posso nem devo calar!!!
Num momento em que o combate à corrupção está na ordem do dia, importava um sinal dos partidos para que a possibilidade de circulação de dinheiro «vivo» nos seus cofres NÃO EXISTISSE. Como alguém já disse, volta-se ao tempo das malas de dinheiro, tal como há uns anos, quando circulavam a grande velocidade no aeroporto de Macau. Lembram-se??? Temos memória; mas igualmente há que ter coluna vertebral para saber dizer NÃO!!!
Aqui e agora. SEMPRE!!!
Justificam tal lei com o PCP e os dinheiros da Festa do "Avante". A ser assim, abra-se de imediato uma barraca de tiros e febras assadas à pala do financiamento. Sempre era mais «transparente» apesar do fumo e do cheiro a carne!!! Mas sempre era carne de porco, apesar da gripe.«Vai um tirinho oh jeitosa?», ou será antes «vai um tiroso oh jeitosinha»?"
Extraído do blog

...nascido a 5 de maio...


segunda-feira, 4 de maio de 2009

...querido, podes fazer alguma coisa pelo quénia?...

"Activistas femininas apelaram às esposas dos Presidente e Primeiro-Ministro quenianos para aderirem ao embargo sexual a fim de evitar a repetição da violência que abalou o país nas últimas eleições gerais."

...a caminho do tetra...

sábado, 2 de maio de 2009

Críticas em surdina no Parlamento à lei para dar mais dinheiro “vivo” aos partidos

"A lei que aumenta em mais de um milhão de euros a entrada de dinheiro “vivo” nos cofres dos partidos foi hoje aprovada na Assembleia da República por todos os partidos. Mas a anunciada unanimidade nas alterações à lei do financiamento dos partidos transformou-se num consenso com evidentes sinais de divisão no PS, PSD e CDS. Apesar das reservas, feitas em surdina por vários deputados, na hora da votação o único a levantar-se contra a lei foi o socialista António José Seguro, que rompeu a disciplina de voto da maioria. Matilde Sousa Franco, que criticou a falta de debate interno, por a lei ter sido aprovada em tempo recorde, absteve-se. Vera Jardim, também do PS, tem reservas, e apresentou uma declaração de voto, mas não disse quais. Ao PÚBLICO, o deputado do PSD José Matos Correia assumiu as suas divergências e criticou a mudança do partido quanto à lei, de que foi co-responsável em 2003 e “apertava” o controlo. E Telmo Correia, do CDS-PP, lembrou ter sido um dos responsáveis pela anterior lei e considera esta mudança um retrocesso. Um diploma criticado abertamente pelo fiscalista Saldanha Sanches: “Voltamos às malas cheias de notas.” Primeiro na reunião da bancada do PS, de manhã, e à tarde, após a votação, Seguro assumiu as divergências com orientação de voto da maioria. “Esta lei aumenta o financiamento privado, mas não diminui os dinheiros públicos, o que em tempo de crise deveria também concretizar-se”, afirmou o ex-ministro de António Guterres. António José Seguro trabalhou, pelo PS, a lei aprovada em 2003 que reduzia “ao mínimo” (22 mil euros) a entrada de dinheiro vivo. A mudança hoje aprovada, alertou o deputado, “inverte este princípio” e traduz-se “numa menor exigência” quanto à justificação do dinheiro entrado nos partidos. Na reunião, Seguro alertou ainda para o risco de despesas de campanha por terceiros poderem não ser contabilizados se o candidato alegar não ter tido conhecimento ou autorizado, por exemplo, um cartaz de campanha. “Voltamos às malas cheias de notas”A questão mais complexa é mesmo o aumento de mais de 55 vezes em relação ao tecto actual e que se aplica às quotas e contribuições dos militantes e ao produto de angariação de fundos. Uma mudança que, por consenso dos restantes partidos, permitirá ao PCP regularizar as contas da Festa do Avante!, que esbarravam nas exigências de pagamentos com cheque, por exemplo.Mas a polémica não ficou pela Assembleia e Saldanha Sanches é extremamente crítico da nova lei. “Tudo o que reduzir o controlo dos financiamentos é completamente errado e vai fomentar a corrupção dos partidos”, afirmou ao PÚBLICO, defendendo que o problema que o PCP levantava tinha solução, “o dinheiro da Festa do Avante! pode ser salvaguardado com um registo de verbas”.Com esta alteração, Saldanha Sanches diz que a Assembleia da República faz o país regredir. “Voltamos às malas cheias de notas, das quais uma parte chega aos partidos e outra fica com as pessoas que as recebem”, afirma contundente, para sustentar que “não há razão para estas alterações, numa altura em que todos os organismos públicos estão em contenção de despesas” e quando “os partidos desperdiçam dinheiro, não há necessidade de aumentar o financiamento das campanhas”. Saldanha Sanches vaticina ainda que “isto vai aumentar ainda mais o descrédito dos partidos na opinião pública”, pois “mostra o desinteresse em relação à opinião pública, mostra que os partidos se estão nas tintas para a opinião pública, querem é o dinheiro”.O PÚBLICO procurou obter a reacção à nova lei de Margarida Salema, presidente da Entidade dos Contas, mas o assessor de imprensa do Tribunal Constitucional informou que Margarida Salema “não vai pronunciar-se sobre a nova lei até estar concluído todo o processo legislativo”.Também João Cravinho, que se tem destacado na defesa do combate à corrupção, não quis comentar a nova lei quando solicitado para tal pelo PÚBLICO. Por sua vez Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, não respondeu a solicitação do PÚBLICO. " extraído de O PÚBLICO