Há coisas que me levam a espontaneamente coçar a nuca, ouvi hoje o cómico estilete, Francisco Louçã, dizer que no Bloco se diz o que se pensa e que ninguém fica calado, há pessoas que, quando o sangue turvo lhes sobe à cabeça, ousam até dizer tudo. Mas outras há que o nem ousam falar... Pobre Covilhã, que mal frequentada anda, num estro lúgubre e de braço cruzado, o bloco de esquerda anda, por aqui, a abrir caminho ao PSD, nem uma palavra tem a dizer na assembleia municipal nem em lado nenhum, uma supérflua oposição abstracta! Reparai que agora me rio, mas tenho a maior compreensão pela recém-eleita, num partido onde qualquer indivíduo, com curso superior, se arrisca a jogar, fechada numa gaiola de manhas magnetizantes e perniciosas; tenho a maior compreensão, dizia, pela recém-eleita, que em silêncio permanece e, na incompreensível desgarra, vota, espectáculo a que recorrentemente tive oportunidade de assistir, quando criticava o mudismo das bancadas maioritárias, nessa época o bloco de esquerda, dizia tudo o que pensava, levava o martelo para o trapeio e tocava a rebate os sinos, agora jaz morto e arrefece no lajedo da dita democracia, quedou-se-lhe a língua.
Não esperei pelo último suspiro do relógio, nem por isso, fui em tempos recrutada por uma velhacaria que queria mostrar serviço, que horizontalmente talhava caminho e horizontalmente pedia ao patrão um aumento; não esperei para descer último degrau, nem por isso, fui em tempos perseguida por escaravelho da engrenagem que trazia ordem para me calar; não esperei pela comutação da pena, nem por isso, e reparai que uma pessoa nunca esquece que os sonhos são sempre os nossos, não temos que ser cartas infortunadas nem ter orgasmos de papagaio. E no bloco há animais de criação que não ousam dizer tudo..."
Ana Monteiro
Não esperei pelo último suspiro do relógio, nem por isso, fui em tempos recrutada por uma velhacaria que queria mostrar serviço, que horizontalmente talhava caminho e horizontalmente pedia ao patrão um aumento; não esperei para descer último degrau, nem por isso, fui em tempos perseguida por escaravelho da engrenagem que trazia ordem para me calar; não esperei pela comutação da pena, nem por isso, e reparai que uma pessoa nunca esquece que os sonhos são sempre os nossos, não temos que ser cartas infortunadas nem ter orgasmos de papagaio. E no bloco há animais de criação que não ousam dizer tudo..."
Ana Monteiro
6 comentários:
Muito bem doutora, muito bem,isto é escrita de luxo para estes porcos que só merecem o teu vómito.
Para ti uma vez mais o meu sorriso mais caloroso, gosto da maneira como escreves, assaltam-me as imagens. Beijos
Eu sempre te disse que essa gente dos partidos não era boa gente, é a profissão amis velha do mundo.Tu tens uma alma de poeta anarquista, não tinhas de andar nessas lutas na lama ou na merda, preocupou-me perceber que não foi apenas um capricho da tua excentricidade que duraria três meses no máximo. Ainda assim, apraz-me saber que és alguém que diz umas verdades no meu das mistificações.
Espero que também estejas consciente que essa gente do teu antigo partido não é gente bos, e que se puderem tentam fazer-te a folha, mas isso, e em relação a ti, não será nunca muito fácil, apesar de já term dado sinais disso.
...dada a má construção sintática e semântica do comentário do anónimo (afecto ao bloco de esquerda local, ou a fazer-se passar por tal),o que o torna incompreensível, agradecia a reformulação sóbria do seu texto, para o poder publicar...
...e quando quiserem os meus dossiers da Assembleia Municipal vão às condutas da sargeta, foram lá depositados folha-a-folha nas respectivas... como prometido:) :) :) deviam ter pedido antes... mas a única coisa que me pediram, por favor, foi para deixar de falar mal do bloco local:) :) :)
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