quinta-feira, 6 de agosto de 2009

...para lá do marão já não mandam os que por lá estão...lições de paraquedismo - parte dois


Por detrás de outras formas lógicas que poderiam assumir, no espectro dos partidos apenas manda um corpo a que chamam “Comissão política” e cuja tradução literal será o arquipélago dos amiguinhos, obedecendo à lógica, também não questionada pela nossa constituição, de quem parte e reparte e, aos amiguinhos, fica sempre reservado a melhor parte, sendo os primeiros a ser servidos - (a chegar ao tacho) . E neste clube de amiguinhos não se discrimina o interesse de cada um dos seus. Vejamos então esta lógica levada à extrema consequência, apresento-lhes o cabeça de lista nas eleições legislativas pela Covilhã: o refugo açoriano Costa Neves, pelo PSD, o refugo socialista Francisco Assis pelo pela Guarda.
Ninguém resiste à tentação, e parece que cada vez mais o conceito de “biodiversidade” não anima o nosso espectro partidário, nem as ideias, (e já não falo em ideais, que o vocábulo já entrou em desuso) sobre as quais modelam as suas práticas, mesmo os que se querem mais intocáveis e até imaculados, como os candidatos do Bloco de Esquerda, lá vão pulando as cercas, vejamos os casos de Braga, Santarém ou mesmo Faro (se bem que este último seja uma outra história), onde se anula a possibilidade de uma lógica diferente.
É deplorável, indecente e vergonhoso que a corrida para os ditos tachos siga as imposições directas, que não recomendações, do arquipélago dos amiguinhos, obedecendo à lógica, também não questionada pela nossa constituição, de quem parte e reparte e, aos amiguinhos, fica sempre reservado a melhor parte, sendo os primeiros a ser servidos. Conhecemos bem as razões explícitas destas comissões políticas. Na minha opinião no outdoor de campanha destes avatares pára-quedistas deveria ser obrigatório constar o retrato duplo, de perfil e de frente.
No eterno jogo da ambivalência, que nos confunde a interpretação da nossa identidade, fazem-nos querer, nos repasto dos seus discursos e teses, que as pessoas é que contam, que o melhor do mundo são as pessoas, que existem sem dúvida especificidades locais, que ninguém melhor que os que cá vivem poderão tomar conta de nós lá na casa mãe (parlamento) … as tantas e bastas vezes que me fartei de ouvir isto quando ainda militava!
O que caracteriza, na sua metamorfose, estes senhores e senhoras, não é, com toda a certeza, o conhecimento da região porque se apresentam, mas sim o facto de serem ícones no tal arquipélago, estratégia, então, claramente e descaradamente pervertida, enfraquecendo irremediavelmente o potencial da região, tornando-se mesmo potenciais ameaças à deformação monstruosa daquilo que realmente queremos ver vingar nas nossas regiões.
ana monteiro

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