terça-feira, 27 de julho de 2010

...a oposição em portugal...

"Concordando todos os anarquistas que a oposição que existe é apenas oposição política e não oposição ao sistema, é a primeira que eu vou analisar.
Tem-se verificado frequentemente uma certa concordância entre oposição e governo no que toca a algumas matérias, a isto se tem chamado bastas vezes de pacto de regime. Ora mesmo nós assistindo às acaloradas discussões parlamentares e arengas, essas são muitas vezes mais um engano do que a verdade em torno do que se julga ser prática oposicionista.
Os partidos praticam apenas oposição de circunstância e meramente procurando a reforma social das instituições, pretendendo conseguir a melhora de vida das populações, o que conseguem é reformar um Estado irreformável, e o que se vem a verificar é a continuação da prática das desigualdades e ignomínias que são o corrente da organização estatal.
Ora não se vê nem dos ditos partidos supostamente progressistas e de esquerda uma prática de luta social, manifestações e/ou outras práticas que visem aumentar o conflito social que se impõe numa sociedade onde imperam cada vez mais os despedimentos, o baixo nível de vida, a precariedade laboral e o desemprego, bastas razões para aumentar a luta directa dos trabalhadores ao invés de continuarmos a aturar vezes sem conta a inútil arenga parlamentar. Com isto não quero dizer que existe alguma razão para conservar a existência inútil dos partidos, mas tão só dizer que só a luta social e a acção directa interessam e são a verdadeira forma de oposição: a popular.
Só a acção na rua e o seu aumento, bemmcomo o recrudescer e fomentar de acções de luta extra parlamentar (pois só estas lutas interessam), só elas preenchem os verdadeiros interesses da classe trabalhadora que hoje é explorada de forma tão ignóbil como nos tempos idos do século dezanove, mas com novas e avançadas técnicas de exploração.
Cabe-nos a nós anarquistas e outros grupos autónomos executar formas de oposição directa ao regime actual e às suas causas de desigualdade social, de forma a melhorar as condições de vida destas. Devemos procurar entendermo-nos com grupos autónomos e não políticos que visem como nós uma efectiva oposição ao actual e eterno estado de coisas. Busquemos mais e novas formas de protesto e acção contra a situação social actual e o Estado, pois de “oposição” no parlamento estamos nós fartos!"
extraído de revista "Húmus" aqui

segunda-feira, 26 de julho de 2010

...michel onfray...

...mãos em riste...

...numa sessão da assembleia municipal da covilhã, farta daquela barrigada de patetices e imbecilidades, no final de uma intervenção minha e após uma chamada de atenção do presidente da mesa, saiu-me, entre dentes, inaudível naquela sala,  algo que não consegui de forma alguma controlar, um "VÁ-SE FODER!", fiquei depois a imaginar o que aconteceria se, num momento de fúria descontrolada, desactivados quaisquer mecanismos de auto-censura,  manifestasse em alta voz o que a alma reclamava  "VÁ-SE FODER...!"
...a este propósito transcrevo um texto de Guadapupe Subtil, extraído da revista Utopia, com o qual não poderia estar mais de acordo...
"Mãos em riste? Mãos em chifre? Mãos indicativas e indicadoras? Ah! Ah! Ah! Este sim foi o espectáculo mais humano e nada degradante nem alienante. Fez-nos ser solidários com o homem/menino, neste caso ministro da economia. Quem não reage naturalmente assim numa conversa com outrem, numa discussão mais acesa, numa brincadeira incondicional? Onde e porque têm de ser controladas as emoções? Onde está o “pecado”? O que acontece quando nos deixamos ir pelas emoções? Quando reagimos humanamente? Aí, aparecem as vozes punidoras que sem quê nem porquê varrem o mal pela raiz. Saí de ao pé de nós! Nós somos muito racionais, portamo-nos bem, jamais teríamos uma reacção tão infantil num caso destes! E ele teve de sair da governação, pese embora terem existido antes muitos mais motivos que o poderiam ter afastado. Neste espectáculo o que nos agrada é revermo-nos no gesto saído, bem elucidativo e bem captado. Quem de nós não poria as mãos em riste, em chifre de outras formas acabadas em “…iste”para todos os que dizem governar-nos? Não seria bom podermos rir e responder gestual e verbalmente a todos estes “palhaços” públicos que dizem representar-nos? Que mais gestos imaginamos poder fazer-lhes publicamente? Não é um prazer o que retiramos destes gestos que imaginamos realizar? Mais e mais destes espectáculos desejam-se. Estes são salutares, não mórbidos nem alienantes, por serem bem mais naturais e humanos. Emoções são precisas. O controlo de emoções leva aos espectáculos quotidianos que assistimos, leva tantos e tantos seres infelizes a desconhecerem a sua infelicidade."

terça-feira, 20 de julho de 2010

...ensaio sobre a intoxicação voluntária de peter sloterdijk...


Foi Nietzsche quem inventou a fórmula do filósofo como médico da cultura. Assim, hoje, quando alguém exprime uma opinião sobre o tempo presente evolui necessariamente num terreno que Nietzsche explorou. Para se poder formular um diagnóstico sobre uma época é necessário ser intoxicado por ela.
O pensamento filosófico não é uma pura reflexão nem a expressão de qualquer sabedoria: trata-se principalmente duma febre reagindo à inoculação duma espécie de curare. Se a filosofia é uma intoxicação voluntária, ela é o fermento dum veneno graças ao qual – por uma lenta alquimia – o espírito consegue recuperar uma parte da sua liberdade.

sábado, 17 de julho de 2010

...um chá no deserto...



Port Moresby (John Malkovich) e a sua mulher Kit (Debra Winger) chegam de barco a vapor ao Norte de Africa, em 1947. Casados há dez anos, são incapazes de viver juntos apesar do amor que sentem um pelo outro, e vieram para o deserto Africano a procura de harmonia e inspiração. Subtilmente surge nesta viagem um sentimento de desespero e perda. A fascinante paisagem, filmada pelo aclamado Bernardo Bertolucci, serve de cenário as tentativas de ambos realizam para se aproximarem, com um crescente isolamento emocional. As incursoes pelo deserto, repletas de desvaneios sexuais, não resultam em alívio e harmonia, preconizando uma destruição trágica dos laços que unem ambos. Um jovem milionário chamado George Tunner (Campbell Scott) junta-se ao casal Moresby em Marrocos, fascinado pelas suas atitudes liberais e pouco convencionais, sentindo-se ao mesmo tempo atraído por Kit. Ambos tem um pequeno caso, ao mesmo tempo que Port e seduzido por uma bonita prostituta Arabe. Mas nenhuma destas liagações dá novo folego à relação, e Port e Kit decidem seguir caminhos diferentes. George fica para trás e concorda em encontrar-se com eles em Tanger, daí a uns meses. No entanto, nem Port nem Kit aparecem conforme combinado. Longe dali, Port, desfalece num asilo de loucos, enquanto Kit, consumida pelo amor que lhe tem, permanece a seu lado. Depois de sua morte, ela vagueia através do deserto, imbuída de desgosto e de alucinações mórbidas. Salva por um bando de nómadas, ela inicia uma intensa relação com o chefe do grupo, mas é encontrada quase morta por um elemento da Cruz Vermelha, e levada para o hotel em Tânger, onde George ainda se encontra. Mas passado pouco tempo, Kit desaparece de novo rumo ao deserto Africano.

sábado, 10 de julho de 2010

...o medo... antónio lobo antunes/visão 1 de julho

Radioterapia, medicamentos, misérias, visitas das duas às três nos dias úteis, das duas às cinco aos fins de semana, algálias, dores
Mostrou-me a análise à próstata no café
Um bocado alta não está?
Um bocado alta, de facto, e a gente os dois a olharmos o papel como se pelo facto de o olharmos muito tempo os números baixassem: não baixavam. Mantinham-se inamovíveis, a encarnado. Acabou por dobrar o papel e guardá-lo:
- O meu médico marcou-me consulta para o especialista
e silêncio. Sentou-se à minha mesa sem pedir licença, a olhar-me ­
- Acha que é grave
e não respondi porque não queria resposta. Queria alguém à frente dele, apenas. Tirou os cigarros do bolso, voltou a metê-los.
- ­Não se pode fumar em parte nenhuma, sorte malvada.
Lá fora, do outro lado da vitrina, o quiosque dos jornais e revistas. Numa delas um casal abraçado: Mécia e Raul, separação no horizonte? E frio, e chuva. Não calha bem adoecer em fevereiro. Faltava-lhe um botão num dos punhos da camisa, a barba mal feita no queixo:
- Desde que recebi a análise nem durmo
e na mesa vizinha um par de senhoras gordas, cheias de anéis, a cochicharem.Entre ambas a revista do quiosque, aberta nos desenvolvimentos da possível separação da Mécia e do Raul. De esguelha, em letras gordas sobre uma fotografia: Mécia: Tudo tem a sua duração; Raul incontactável. Comentou ­
- Isto da próstata é uma gaita e em letras gordas, sobre outra fotografia: Um amigo de Raul: Em devido tempo ele dirá de sua justiça. Não, mais completo: Um amigo de Raul, que solicitou anonimato: Em devido tempo ele dirá de sua justiça. Percebia-se que as senhoras esmiuçavam o assunto, uma delas mencionou uma actriz que a senhora afirmava ter má índole:
- ­Não suporta que os outros sejam felizes, aquela, fez o mesmo à Patrícia, dona Esperança, lembra-se?
A dona Esperança lembrava-se
- E à Carla, já agora
enquanto o da análise
- Vai na volta tenho um cancro, amigo tentei um gesto de
- Hoje em dia essas coisas
que não me saiu bem, saiu mais do tipo
- Ninguém cá fica para semente, não é?
de maneira que emendei
- A maior parte das vezes são falsos alarmes
os cigarros saíram de novo e voltaram ao bolso ­
- E se não forem?
e a barba mal feita pareceu aumentar. No outro punho havia botão, e haver o botão, não sei porquê, alegrou-me:
talvez tenha interpretado como sendo um bom sinal em relação ao cancro.
A amiga da dona Esperança, assanhada com a actriz ­
- O sarilho que ela arranjou à Débora na época do futebolista, já pensou?
A dona Esperança já tinha pensado:
- Uma galdéria
definiu ela
- Uma galdéria e tanto
mas havia o botão, felizmente. Por pouco não o aconselhei a agarrar-se ao botão. A amiga da dona Esperança gostava tanto da actriz que se ela caísse ao Tejo lhe atirava uma palhinha para ajudá-la a não se afogar. Em lugar do conselho de se agarrar ao botão afirmei com autoridade ­
- O que mais há por aí são falsos alarmes
de cabeça a desviar-se para a Célia, coitada, que usava um decote tão profundo como uma ravina: uma rapariga de bem, notava-se logo nos olhinhos ferozes, uma vítima. Ganas de interrogar a dona Esperança
- Quem é a Célia, afinal?
com uma parte do meu corpo a tentar apreciá-la em detalhe. Aí, infelizmente, a amiga da dona Esperança impediu-me os propósitos ­
- Embora no caso do futebolista o rapaz tenha culpas no cartório
e a impressão que a análise aumentava no interior do casaco, a latejar:
- Vai-me nascer um neto para o mês que vem, já reparou na coincidência?
e quem seria a Célia, meu Deus? E a Patrícia? E uma Raquel que surgia agora na conversa ­
- Ao menos a Raquel é o filho do ministro e pronto
O neto que nascia para o mês que vem obcecava-o: a filha empurrava a barriga a custo, de pernas inchadas:
- Se der para o torto mal vou conhecê-lo
radioterapia, medicamentos, misérias, visitas das duas às três nos dias úteis, das duas às cinco aos fins de semana, algálias, dores, o da cama à esquerda a pifar do esófago suplicando ­
- Olha-me os meninos, Laurinda
e o decote da Célia a inquietar-me. Abaixo do decote umas calças tão justas que só podia despi-las à tesourada. Estava capaz do sacrifício de ser eu a pegar na tesoura.
-O primeiro neto, compreende?
Compreender compreendia, mesmo de tesoura nas unhas. Não te esqueças de comprar a revista ao saíres daqui porque há-de haver mais fotografias de certeza. Há-de ou hão-de? Não interessa desde que as fotografias lá estejam, de qualquer maneira a quarta classe já cá canta. Em relação ao cancro lembrei-me do treinador do meu clube ­
- Há que levantar a cabeça e pensar no jogo do próximo domingo
e limitei-me à primeira parte da frase. Este treinador é bom, pelo menos pôs aquela cambada a correr:
- Há que levantar a cabeça
garanti para microfones invisíveis, e acrescentei
(não daria grande treinador eu, comigo a cambada amolecia logo) ­
E ter pensamento positivo. Esta do pensamento positivo era do primeiro-ministro:
- Pensamento positivo, senhores deputados, pensamento positivo
mas ninguém, mesmo do partido do governo, aplaudiu. Acrescentei em desespero ­
- Vamos aguardar com calma pelo especialista
enquanto a Célia, sem calças, jurava ­
- Tudo tem a sua duração
de maneira que o melhor era não perder muito tempo antes que a duração acabasse.

...paul... o oráculo...


O polvo Paul escolheu o mexilhão na caixa com a bandeira de Espanha e ignorou a da Holanda, em directo e a cores na televisão. E então? Então parece que quer dizer que o polvo acha que a Espanha vai ganhar o Mundial 2010.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

...música, vuvuzelas e poder local...

"Ontem assisti a algo que achava altamente improvável que acontecesse, tantos anos depois do 25 de Abril. E por ter acontecido aqui fica patente a minha indignação.
Por considerar ter sido uma excelente ideia fui ontem assistir ao concerto de música erudita que a Fundação Trepadeira Azul promoveu na Quinta de Sto. António, freguesia de Aldeia Viçosa, no fantástico Vale do Mondego. Poder ouvir boa música naquele enquadramento tão belo era um raro privilégio e eu não podia perder essa oportunidade. Mal eu sabia que a noite acabaria estragada.
De repente, ao portão da quinta e de acesso ao concerto, o presidente da junta da Aldeia Viçosa (Baltasar Lopes) vociferava. Aos berros e num ambiente de grande agressividade declarava que "só por cima do seu cadáver" ali se faria o concerto. E explicou o plano: ele e os acompanhantes tocariam "bobozelas" durante o concerto, de forma a impedir que ele se realizasse. O homem insultava o promotor do concerto (por questões estranhas à iniciativa) e os assistentes ("bananas" foi o mais meigo que lhes chamou) e vinha com um propósito declarado: impedir que os assistentes ouvissem o concerto. Impediria, com os seus gritos e com as tais "bobozelas", que os espectadores tivessem acesso ao concerto. A cena era inacreditável: Baltasar aos berros e a soprar na "bobozela" num ambiente caceteiro e arruaceiro. Os argumentos (?) que levaram Batasar a ter aquela iniciativa de boicote a uma iniciativa devidamente autorizada são do domínio judicial e, portanto, não chamados para ali (Mário Martins tem ganho as acções que interpõe, e isso há-de significar alguma coisa). Assim, Baltasar, no fundo, protestou aos berros contra decisões judiciais... boicotando activamente um ... concerto de música erudita. Ninguém se lembraria disso mas... este presidente da junta lembrou-se!!! Ele e o grupo criaram uma situação de ameaça, de insultos, de pressão psicológica insustentável. Quem chegava deparava com aquela cena. O medo pairava no ar. A intimidação era tal que os espectadores se sentiram ameaçados com a atitude do presidente da junta Como é possível que um autarca boicote (assumidamente) uma iniciativa que promove a sua terra? Quem se revê no se comportamento de intimidação e de força?
O concerto não podia começar e então chamou-se a GNR, que prontamente explicou ao autarca o absurdo da situação. Espectadores mais afoitos tentaram que Baltasar percebesse o desequilíbrio da cena, mas ele não queria ouvir ninguém. Há uma centena de testemunhas do seu comportamento (uma vereadora da Câmara, um deputado municipal e gente de todo o país, que não queria acreditar no que estava a acontecer). O homem não se acalmou com a GNR: afirmou que continuaria a tocar "bobozela" pois ninguém o poderia prender por comemorar a vitória da... Argentina. Dito isto, a GNR (que parecia conhecê-lo) percebeu que tipo de pessoa estava a enfrentar. Baltasar declarou ainda que pagava as multas que fossem precisas (só pode haver ruído até às 22 horas). A GNR não o deteve apesar da atitude de desafio à autoridade.
Decidiu-se e bem que o concerto começaria. E o que aconteceu é inimaginável: apesar da presença da GNR o som das "bobozelas" sobrepunha-se aos temas de rara beleza. Com requintes de malvadez: as "bobozelas" espalharam-se à volta da quinta, como se cercassem aquela iniciativa artística e... nos cercassem ( a nós que fomos ouvir... um concerto). Só no tema final se calaram as cornetas. Finalmente.
Eu sei que este assunto é um caso de polícia mas é também um caso de política. Que dirá o presidente da Câmara, que autorizou o concerto? Baltasar não se cansou de dizer que " a culpa era da Câmara que apoia isto. Que fará a Câmara depois desta cena? E o senhor Governador (garante da "ordem") que dirá, ele que é um democrata? Calar-se-ão todos? Como se calaram, ontem, os moradores de Aldeia Viçosa, envergonhados pelo facto de um representante do poder local proceder de uma forma que... nos envergonha a todos? " extraído de www.cafe-mondego.blogspot.com

...O ceramista SÉRGIO AMARAL... primeiro prémio de artesanato contemporâneo 2010...na FIA...

...APELO DA QUERCUS...Ministério do Ambiente prepara-se para viabilizar morte de centenas de aves protegidas em Elvas...

O Ministério do Ambiente prepara-se para nos próximos dias viabilizar a demolição de uma estrutura onde nidifica umas das maiores colónias de Andorinhão-preto do sul do país e levar à morte de cerca de quinhentas de crias desta espécie.
Obra ilegal do Exército, com o apoio da Câmara Municipal de Elvas, começou no final de Maio.
Através de diversas denúncias, a Quercus tomou conhecimento no final de Maio que uma obra avançava na antiga Igreja de S. Paulo, numa muralha onde nidificam cerca de 300 casais de Andorinhão-preto (Apus apus). Mesmo após ter sido alertado para a presença da colónia de aves, o empreiteiro decidiu iniciar a demolição da parede, destruindo já na altura dezenas de ninhos, pelo que a Quercus se viu forçada a denunciar o ocorrido ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e ao Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR (SEPNA).
Na sequência desta denúncia, veio a verificar-se que o dono da obra (Exército Português – Ministério da Defesa) com o apoio da Câmara Municipal de Elvas, levavam efectivamente a cabo uma intervenção ilegal, na medida em que não possuíam a necessária licença para a remoção/destruição dos ninhos, conforme a legislação determina.
Indisponibilidade para estudar alternativas – segurança pública não é justificação
Ao longo das últimas semanas têm existido bastantes movimentações no sentido de se encontrar uma solução para esta questão. No entanto, e apesar de estarem envolvidas três instituições do Estado, a quem cabe cumprir a legislação e não “contorná-la”, fomos confrontados com uma iminente decisão política do Secretário de Estado do Ambiente que pode vir a determinar que o ICNB autorize a destruição desta colónia de aves.
Por outro lado, e apesar das nossas tentativas de ao longo destas semanas propor às entidades envolvidas, alternativas e medidas simples que garantissem a tranquilidade no local e não pusessem em risco a segurança pública, garantindo por outro lado o final da época de reprodução da espécie, estas entidades não se mostraram disponíveis para estudar outras opções que não passassem pela demolição imediata dos locais de nidificação.
Estado cria a legislação mas não a cumpre – morte de cerca de 500 aves em perspectiva
O Andorinhão-preto é uma espécie migradora e protegida pela legislação em vigor, nomeadamente pela Directiva Aves, transposta para o sistema jurídico nacional pelo Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, com redacção dada pelo Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro. Esta espécie está também protegida pela convenção de Berna (ratificada pelo Decreto nº 95/81 de 23 de Julho e regulamentada pelo Decreto-Lei nº 316/89 de 22 de Setembro) onde integra o Anexo III.
A Quercus considera inadmissível e ilegal que o Estado possa avançar com a destruição imediata da estrutura em causa, levando à morte directa por esmagamento e/ou asfixia de centenas de crias e indirectamente, por perturbação nas rotinas de alimentação, de outras tantas centenas, pelo que não hesitará em recorrer às instituições competentes no sentido de serem apuradas responsabilidades, caso se venha a avançar para esta solução.
Dado que bastaria esperar mais 4 semanas para que as crias abandonassem os ninhos, e então se pudesse dar continuidade à obra, a Quercus considera também lamentável que em pleno Ano Internacional da Biodiversidade, o Estado equacione não defender as espécies silvestres que é suposto proteger, optando ao invés por permitir jogos políticos pouco transparentes, em função de interesses imobiliários e particulares. Espera, contudo, que o bom senso e a legalidade prevaleçam e que as diversas entidades envolvidas no processo consigam encontrar uma solução que vá ao encontro das suas responsabilidades e da consciência ambiental que o país necessita.
Lisboa, 29 de Junho de 2010
A Direcção Nacional da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus
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Dada a urgência da situação e a necessidade de fazer sentir a nossa opinião, de modo a que tal atentado ambiental não ocorra, propomos que enviem este comunicado ao maior número de pessoas, com um pedido para ser publicado em todos os blogs e páginas do Facebook. É importante que a nossa opinião chegue aos decisores políticos, pelo que propomos que escrevam ao Ministério da Defesa, Ministério do Ambiente e Câmara Municipal de Elvas mostrando-lhes a vossa indignação e pedindo-lhes que esperem 4 semanas para começar a obra e deste modo evitar a morte de centenas de aves no local.
Saudações Ambientalistas,
QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza
Núcleo Regional de Portalegre
Apartado 163, 7301-901 PORTALEGRE, Telefs: 96 010 70 80 / 96 020 70 80

quarta-feira, 7 de julho de 2010

...paul... o polvo

...o país que não muda... assim tanto...

Chegou o tempo da merda,
e Portugal se rebola
dando o cu em farsa lerda,
num gozo de mata e esfola.


Os néo-néo-marxistas,
advogados e banqueiros,
debicam suas alpistas
de putas e paneleiros.


Coxos, vesgos, e de Castro
desde  «A Selva» em cu de mula,
passarão sem deixar rasto
da finança que os açula


Os génios micro-poetas
com solares à beira-povo
hão-de morrer das punhetas
que lhes faz estilo novo.


Estruturas de Paris,
é cintas de invertebrados,
por mais porras que exibis
tereis filhos já capados


Chegou o tempo da merda,
e Portugal se rebola
dando o cu em farsa lerda,
num gozo de mata e esfola.
Jorge de Sena

...hoje acordei assim...

terça-feira, 6 de julho de 2010

...dedicácias...

...escolhi um delicioso poema desta obra magnífica de Jorge de Sena, que pela sua actualidade e oportunidade dedico a todas os "padrinhos", "coordenadores", "assessores" e "funcionários"do Bloco de Esquerda:)...(os que se acotovelam nas suas ambições medíocres, que Sena chama de um outro nome)

"Dizem alguns literários
(accionistas da própria propaganda)
que «o Sena não se vende». E é verdade:
Não vende. Só as putas se vendem.
e em Portugal são tantas que não há
bolsas bastantes para comprá-las,
nem caralhos bastantes
para fodê-las como mereciam."

...reading ricoeur...colóquio internacional...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

...eu vou... desta vez "vestida a rigor"... prometo...

Os Waterboys vão fechar o cartaz do Festival Alentejo - Évora 2010, que vai decorrer naquela cidade alentejana de 30 de julho a 01 de agosto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

...abaixo-assinado contra as portagens na A23 e A25

Contrariando o seu próprio programa, o Governo já anunciou a sua intenção de introduzir portagens nas auto-estradas A25, A23 e A24 [declarações do Secretário de Estado das Obras Públicas, 14/6/2010].
A introdução de portagens nestas vias de comunicação é profundamente prejudicial e injusta para a economia e as populações, nomeadamente dos distritos da Guarda, Viseu, Aveiro e Castelo Branco.
Hoje, não existem alternativas a estas vias rodoviárias estruturantes uma vez que a EN16, a EN 2, EN 18 e EN17 se encontram num permanente estado de degradação, nalguns casos já não existem ou são apenas ruas de diversas localidades e são manifestamente desadequadas como vias inter-regionais.
O traçado muito sinuoso e com declives acentuados destas auto-estradas acrescenta razões às posições de todos os que defendem que não é justo taxar com portagens vias que ficam muito distantes da qualidade de outras.
Estas auto-estradas, nomeadamente a A25, são das principais vias de escoamento terrestre de produtos e mercadorias produzidas no país, particularmente no distrito de Aveiro e em diversas áreas dos distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco. O pagamento de portagens provocaria um aumento do custo de vida, criaria mais dificuldades às empresas e agravaria a situação económica e social desta vasta região [segundo valores médios anunciados pelo Governo, para veículos ligeiros classe 1: Aveiro – Vilar Formoso, 16.00 € ; Guarda – C.Branco, 7.70 €; Viseu - Chaves, 12.80 €].
Por outro lado, o pagamento de portagens na A25, A23 e A24 seria uma medida que em nada contribuiria para combater a interioridade e a desertificação que afectam estes distritos do interior do país.
A adopção de tal medida significaria que estes distritos continuariam a ser sacrificados e o seu desenvolvimento adiado.
Assim, os cidadãos e entidades abaixo-assinados exigem que o Governo altere a decisão de introduzir portagens nas auto-estradas A25, A23 e A24. De igual modo, no exercício de direitos legalmente consagrados, solicitam à Assembleia da República que decida discutir esta matéria, recomendando ao Governo que corrija a orientação que assumiu neste domínio.