"Nos tempos das Descobertas, os marinheiros portugueses e espanhóis, tomariam como protector outro santo da Igreja Católica, um frade dominicano de nome Pero Gonçalves. Nascido na vila de Fromista, Castela-a-Velha, falecido e sepultado cerca de 1246 em Tui, nessa época sob jurisdição portuguesa, Pero Gonçalves teria repetido no rio Minho o milagre dos peixes e tornar-se-ia também protector dos navegantes. Com os anos, as lendas fundiram-se, e o nome «Telmo» foi-lhe justaposto. Nos fins do século XVI falava-se em Pero Gonçalves Telmo, como se sempre tivesse sido esse o seu nome.
As referências literárias e populares são muitas e inequívocas, tais como o são muitos relatos de viagens posteriores, incluindo o do célebre périplo de Darwin: em momentos de tempestade, os marinheiros viam muitas vezes no topo dos mastros uma luminosidade feérica, frequentemente bifurcada, a que se seguia muitas vezes o amainar da tempestade.
Os relatos referem-se a um fenómeno verdadeiro, hoje chamado fogo-de-santelmo ou, na terminologia científica, coroa ou descarga de ponta. Por vezes, uma luminosidade semelhante aparece em terra, nos topos de edifícios, ou mesmo nos cornos de animais ou nos cumes das montanhas. Foram as experiências de Benjamin Franklin (1706–1790) com os seus papagaios de papel lançados no meio das tempestades e com os pára-raios que começaram a lançar luz sobre a natureza eléctrica do fenómeno, mas foi preciso esperar pelo século XX e a mecânica quântica para se perceber exactamente a natureza do fogo-de-santelmo.
Normalmente, a atmosfera está carregada com um campo eléctrico de cerca de um volt por centímetro. Quando a atmosfera está tempestuosa, esse campo aumenta para cerca de cinco volts por centímetro e, mesmo antes de um relâmpago, atinge 10 mil volts por centímetro. Nessa altura, o potencial é suficiente para vencer a resistência do ar e produz-se uma descarga, sob a forma de relâmpago. Em algumas situações, nomeadamente no fim de uma tempestade, o potencial mantém-se em níveis intermédios e observa-se uma luminosidade nos topos salientes.
Se um objecto de 10 metros, por exemplo um mastro de um navio, fosse um condutor perfeito, manteria no topo o mesmo potencial que na base, pois estaria ligado à terra, como se diz. Com um decréscimo de potencial atmosférico de cinco volts por centímetro, o topo desse mastro atingiria um potencial 5000 volts mais elevado que o do ar circundante. Na realidade, o mastro não é um condutor perfeito, mas molhado pela água da tempestade e salgado pelas ondas é um condutor muito melhor do que a atmosfera. A diferença de potencial pode atingir, por exemplo, 1000 volts. Nessa altura, as moléculas do ar que rodeiam o topo do mastro soltam os seus electrões, são ionizadas, como se diz. As colisões entre as partículas tornam-se mais frequentes e os electrões, ao saltarem de uma camada para outra de mais baixo potencial, libertam energia sob forma de fotões. Produz-se uma luminosidade branca e azulada. É o «lume vivo que a marítima gente tem por santo». Nuno Crato
As referências literárias e populares são muitas e inequívocas, tais como o são muitos relatos de viagens posteriores, incluindo o do célebre périplo de Darwin: em momentos de tempestade, os marinheiros viam muitas vezes no topo dos mastros uma luminosidade feérica, frequentemente bifurcada, a que se seguia muitas vezes o amainar da tempestade.
Os relatos referem-se a um fenómeno verdadeiro, hoje chamado fogo-de-santelmo ou, na terminologia científica, coroa ou descarga de ponta. Por vezes, uma luminosidade semelhante aparece em terra, nos topos de edifícios, ou mesmo nos cornos de animais ou nos cumes das montanhas. Foram as experiências de Benjamin Franklin (1706–1790) com os seus papagaios de papel lançados no meio das tempestades e com os pára-raios que começaram a lançar luz sobre a natureza eléctrica do fenómeno, mas foi preciso esperar pelo século XX e a mecânica quântica para se perceber exactamente a natureza do fogo-de-santelmo.
Normalmente, a atmosfera está carregada com um campo eléctrico de cerca de um volt por centímetro. Quando a atmosfera está tempestuosa, esse campo aumenta para cerca de cinco volts por centímetro e, mesmo antes de um relâmpago, atinge 10 mil volts por centímetro. Nessa altura, o potencial é suficiente para vencer a resistência do ar e produz-se uma descarga, sob a forma de relâmpago. Em algumas situações, nomeadamente no fim de uma tempestade, o potencial mantém-se em níveis intermédios e observa-se uma luminosidade nos topos salientes.
Se um objecto de 10 metros, por exemplo um mastro de um navio, fosse um condutor perfeito, manteria no topo o mesmo potencial que na base, pois estaria ligado à terra, como se diz. Com um decréscimo de potencial atmosférico de cinco volts por centímetro, o topo desse mastro atingiria um potencial 5000 volts mais elevado que o do ar circundante. Na realidade, o mastro não é um condutor perfeito, mas molhado pela água da tempestade e salgado pelas ondas é um condutor muito melhor do que a atmosfera. A diferença de potencial pode atingir, por exemplo, 1000 volts. Nessa altura, as moléculas do ar que rodeiam o topo do mastro soltam os seus electrões, são ionizadas, como se diz. As colisões entre as partículas tornam-se mais frequentes e os electrões, ao saltarem de uma camada para outra de mais baixo potencial, libertam energia sob forma de fotões. Produz-se uma luminosidade branca e azulada. É o «lume vivo que a marítima gente tem por santo». Nuno Crato
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