terça-feira, 16 de março de 2010

...Paul Bowles...

POLÉMICA
Concordo inteiramente com o que dizes.
Quando as nuvens e as palavras se separam
O ar estremece e o cosmos fragmenta-se.
Enquanto não se conhecer a intenção
Nenhum caminho será descoberto.
A Índia era pó, um leopardo à sombra de uma pedra.
Cheguei à entrada da cidadeE aí estava ela, branca, à luz do sol.
As paisagens são absurdas enquanto não se aceitam.
Salaamed humedeceu os lábios e colou-os ao pó.
Ele é o vale e o vale é ele.
Mas até à morte negar-te-ei o direito de o dizer.
Paul Bowles nasceu em Nova Iorque, em 1910. Jovem ainda, publicou alguns poemas no jornal literário Transition, de Paris, por onde também passaram alguns nomes do modernismo, como James Joyce e Éluard. Entrou por essa altura na Universidade de Virginia. Aos 19 anos, decidiu viajar de barco pela Europa, tendo partido sem avisar os pais. Começavam assim as grandes viagens (sempre de barco) que fez durante parte significativa da sua vida.
Em 1931, em Paris, conheceu Virgil Thomson e Gertrude Stein. Stein influenciou-o fortemente, em termos profissionais e pessoais — foi ela que o convenceu de que não tinha jeito para a poesia e o mandou a Marrocos, tendo sido nessa viagem que Bowles se apaixonou por Tânger.
Os anos seguintes foram marcados pela errância, pelas viagens e pela composição de música. Bowles vivia como um nómada, acabando por regressar sempre a Nova Iorque, cidade que tratava com desprezo. Casou-se em 1938 com Jane Auer (também ela aspirante a escritora), mantendo ambos relações homossexuais fora do casamento. Entretanto, as suas composições musicais eram muito apreciadas pelo público — assinou, entre outras, colaborações com o realizador Orson Welles e com o escritor e dramaturgo Tennesse Williams. Também por essa altura, o seu interesse pela escrita começou a evidenciar-se. Em 1942, escrevia críticas de música para o jornal New York Herald Tribune e começou fazer traduções. Em 1945, publicava regularmente as suas próprias histórias na imprensa norte-americana.
Algum tempo depois da segunda Guerra Mundial, em 1947, partiu novamente para Marrocos, fixando-se em Tânger (por essa altura escreveu The Sheltering Sky — O Céu que Nos Protege, que é até hoje a sua obra mais conhecida e foi adaptada para o cinema por Bernardo Bertolucci). Em 1957, Jane sofreu um ataque cardíaco e adoeceu — «era o fim dos bons anos», escreveu Bowles na sua autobiografia, referindo-se a esta época. Ainda no final da década de 50 travou conhecimento com muitos dos escritores da beat generation, que o visitavam em Tânger — Ginsberg (que mais tarde o ajudou a publicar algumas histórias nos E.U.A.), Corso e Kerouac, entre outros.
Entre 1968 e 1969, trabalhou como professor na San Fernando State University. A morte de Jane em 1973, entre outros factores, fizeram com que Bowles não regressasse aos E.U.A. durante mais de 25 anos. Nos anos 80 tornou a trabalhar como professor, mas desta vez em Tânger, num programa de Verão apoiado pela School of Visual Arts de Nova Iorque. Em 1995, voltou finalmente a Nova Iorque, para acompanhar um festival feito com a sua música (dirigida por Jonathan Sheffer). A obra de Bowles (tanto literária como musical) tem vindo a captar maior atenção do público desde o início da década de 90: uma grande parte da sua música foi editada em CD e as suas histórias passadas para cinema.
Morreu em Tânger, em 1999.
Como legado, deixou numerosas peças musicais, poemas, novelas, contos, e apontamentos de viagens, assim como traduções para inglês de vários autores de origem árabe/islâmica e transcrições de lendas da tradição oral. aqui

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