"Pois que, na sequência do episódio parlamentar a que a imprensa se refere como o incidente dos chifres, Portugal ficou sem ministro da Economia. Contudo, à saída do hemiciclo, Manuel Pinho fez saber que achava que tinha todas as condições para permanecer no governo. Ora, está bom de ver que isto revela a inocência, senão mesmo a candura, de que o movimento de mãos que levantou toda esta celeuma esteve originalmente revestido. É que, apesar de ter mandado abaixo a casa onde nasceu Almeida Garrett, de que era proprietário, Manuel Pinho é, também ele, um poeta. Um homem de metáforas, que em nenhum momento quis insinuar que o deputado comunista Bernardino Soares, a quem se dirigia naquele instante, mais parece uma grande vaca. Mas nem a preguiçosa da surda-muda que vive no quadradinho inferior esquerdo do ecrã se dignou a tentar perceber, e a explicar à sua gente, que queria dizer o ministro com aquilo. Um ultraje de injustiça, no fundo.
Aqui, entendemos (reparem no plural institucional) que a consciência política de cada um obriga à extracção dos significados escondidos até nos gestos que aparentam grosseria. Assim sendo, o Cálssio decreta que a mímica de Manuel Pinho foi manifestamente incompreendida e mal-interpretada. Porque a injustiça, o rumor e a destilação de veneno são coisas que a este blogue muito entristecem, aqui ficam diferentes modos de subtrair simbolismo e de justificar o incidente dos chifres, sem malícia nem má-vontade. O que o ministro da Economia quis dizer foi, sem dúvida alguma, uma destas cinco coisas:
1.justificação pela metáfora combativa - Senhor deputado Bernardino Soares, o país está em crise! Temos que pensar em formas de a ultrapassar e de encarar os problemas de frente. Temos, enfim, de pegar o touro pelos cornos!
2.justificação pelo Plano Tecnológico - Senhor deputado Bernardino Soares, já mandei vir duas anteninhas de satélite para pendurar aqui na cabeça. Todo eu vou ser um avançado dispositivo receptor de ideias para reanimar a vitalidade económica do país.
3.justificação pelo elogio à supremacia intelectual alheia - Senhor deputado Bernardino Soares, quem dera a este humilde governante deter os dois palminhos de testa que o senhor deputado demonstra que tem, de cada vez que abre a sua comunista boca. Aliás, corrijo: quais dois palmos, senhor deputado, bastavam dois dedos! Aqui, olhe, assim.
4.justificação pelo discurso pedagógico com ilustração - Senhor deputado Bernardino Soares, PIB per capita é produto interno bruto por cabeça. A cabeça é esta parte do corpo que o pescoço segura. Espere aí, senhor deputado, que vou enquadrar a minha capita para o senhor deputado perceber melhor. (...) Arre, malditas orelhas que não me deixam enquadrá-la toda - obsctaculizam-se-me os dedos aqui na zona da testa. Mas é isto, senhor deputado, é isto. PIB per cabeça.
5.justificação pelo acesso repentino de atraso mental - Ó Bernardino, olha para mim! Sou um caracolinho! Olha aqui os meus pauzinhos ao sol!" cálssio
quinta-feira, 2 de julho de 2009
... olé... o touro morreu na arena...
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